Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Costa, Neila Priscila dos Santos
 |
Orientador(a): |
Oliveira, Daniele de |
Banca de defesa: |
Zoghbi, Denise Maria Oliveira,
Souza, Simone Brandão,
Grossi, Miriam Pillar,
Irineu, Lucineudo Machado,
Oliveira, Daniele de |
Tipo de documento: |
Tese
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal da Bahia
|
Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura (PPGLINC)
|
Departamento: |
Instituto de Letras
|
País: |
Brasil
|
Palavras-chave em Português: |
|
Área do conhecimento CNPq: |
|
Link de acesso: |
https://repositorio.ufba.br/handle/ri/41024
|
Resumo: |
A presente tese aborda a temática da família, instituição relevante na vida de muitas pessoas, mas ao mesmo tempo tão polêmica, sobretudo, para grupos minoritarizados como é a população LGBTQIAP+, o que a coloca entre os lugares que mais violentam essa comunidade, simbólica e materialmente. Associada a uma formação cis-hetero-patriarcal-monogâmica-cristã, a análise da instituição em questão se desenvolve a partir da realidade e da existência de relações lésbicas, com base em perspectivas, relatos e narrativas de lésbicas. O objetivo geral foi investigar, através desses relatos e narrativas, a configuração do discurso sobre a família estrutural, também chamada de tradicional, considerando a (re)produção de violências contra elas, suas feminilidades, transfeminilidades e masculinidades, e o universo do feminino do qual participam. Esta pesquisa também buscou realizar a 1) análise da representação das lésbicas sobre o modelo de família hegemonizado, 2) análise das modalizações contrahegemônicas sobre a representação, 3) análise dos processos de identificação das participantes sobre a representação a partir de avaliações. A análise de dados aconteceu sob o prisma de teorias das ciências humanas e sociais, sobretudo, Estudos Críticos do Discurso em sua abordagem textualmente orientada e Estudos de Gênero, Sexualidades e Feminismos. Os resultados mostraram que este grupo social de lésbicas avalia e entende família, no geral, a partir de afirmações com processos relacionais como sendo um grupo de pessoas, nutrido por cuidado, afetos e afinidades, que pode ou não ter laços consanguíneos, podendo apresentar vários formatos, desde single a multiespécie, formada por amigos, casais hetero/homo com ou sem filhos, avós e netos, bem como outros arranjos. Também modalizaram a necessidade de a instituição em análise ser lida tendo em vista suas diversas dinâmicas sociais, de modo interseccional, considerando categorias como raça, classe, território, gênero, uma vez que a diversidade é fato inquestionável e tais categorias desenham peculiaridades e diferenças significativas na experiência de família. A ideia de famílias desestruturadas levantou a questão sobre a discursividade/representação do modelo único de família, aquele hegemonizado, que estaria por trás dos processos de desqualificação dos diversos modelos familiares, implicitamente ditos “sem estrutura”, quando o que existem são estruturas familiares, no plural. Essa discursividade do modelo único, que cria o mito da uniformidade familiar, é motor de práticas e políticas higienistas do Estado, que vitimizam outros formatos de família. As participantes também afirmaram não se identificar com o modelo de família hegemonizado, embora muitas precisem reproduzi-lo. A reprodução da heteronorma é vista como parte de experiências vividas por lésbicas e experiências de ser e existir enquanto família lésbica permeadas por estigmas, opressões, barreiras, dificuldades cotidianas extrínsecas e intrínsecas, de modo que seguir a heteronorma se torna uma tentativa de (sobre)viver, embora não apague tais estigmas, opressões e barreiras. Ainda é importante destacar a ocorrência do item lexical “emprestadas”, para “irmãs emprestadas”. Tal discursividade aponta para a construção social dos papéis de membros de família, membros “emprestados”, pessoas sem relação consanguínea. Essa lógica apresentada derruba mais uma vez a ideia de família como construção biológica. Além desses, outros resultados também foram alcançados. |