Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2016 |
Autor(a) principal: |
Silva, Zuleide Paiva da |
Orientador(a): |
Araujo, Rosangela Janja Costa |
Banca de defesa: |
Auad, Daniela,
Vanin, Iole Macedo,
Cardoso, Cláudia Pons,
Silva, Ana Lúcia Gomes da,
Sousa, Leliana Santos de |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Faculdade de Educação
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Doutorado Multi-institucional e Multidisciplinar em Difusão do Conhecimento
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/24026
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Resumo: |
Esta tese utiliza como estratégia a escrita de si para tomar os movimentos de lésbicas como objeto de estudo e as lésbicas politicas, também chamadas sapatão, como sujeitas da pesquisa. O propósito do estudo é cartografar as primeiras organizações lésbicas da Bahia, surgidas entre 1970 e 2003. O problema teórico e empírico está centrado na “invisibilidade lésbica” percebida como expressão da lesbofobia, um fenômeno social, cultural e político que exige uma soma de esforços da sociedade para a sua erradicação. O argumento central está na afirmativa de que os movimentos de lésbicas no Brasil têm sua história imbricada aos movimentos heterofeministas e LGBT, embora sua trajetória seja invisibilizada por todos eles. Ao ressaltar que “sapatão não é bagunça”, esta tese afirma que lésbica política é resistência, potência que visibiliza e promove a existência lésbica em diferentes tempos históricos. Com o desafio de quebrar o silêncio acadêmico em torno da existência lésbica na Bahia, o estudo assume a crença na impermanência das coisas e a experiência subjetiva como ponto de partida na produção de conhecimento situado, focando a análise nas dimensões histórica, política e formativa das organizações lésbicas, sem desconsiderar que essas dimensões estão imbricadas e são inseparáveis na construção do objeto de estudo. Para tanto, nega toda e qualquer noção essencializante da sexualidade, ao tempo em que reconhece a identidade como uma produção que está sempre em processo e nunca se completa. Situada no campo dos estudos feministas, desenvolvida a partir de pesquisa qualitativa, a tese mantém resistência aos regimes de normalidades e reconhece a necessidade de uma epistemologia lésbica baseada na interseccionalidade das categorias. Seguindo um impulso desconstrucionista, o horizonte metodológico é inspirado pela Filosofia da Vida e orientado pelos paradigmas “O pessoal é político”, Exu e “Latino Americano”, apreendendo as fontes não como provas, ou verdades, mas discursos que se conectam uns aos outros na formação de novos discursos sobre a realidade analisada. O resultado sugere que o conjunto de organizações lésbicas analisadas constituem uma expressão do corpo politico das lésbicas, um corpo coletivo que nasceu nos tempos de ditadura, orientado pela bandeira do lesbofeminismo, de forma não institucionalizada, através da solidariedade entre lésbicas e gays. Sugere, ainda, que, nos anos 90, este corpo se institucionalizou em ONGs e, a partir de 2003, passou a se constituir em rede e, desde então, estreitando o diálogo com o governo federal segue em movimento contínuo de afeto e luta por políticas públicas. Sugere, ainda, que o ENLESBI – Encontro de Lésbicas e Mulheres Bissexuais da Bahia é a expressão mais potente do corpo político das lésbicas que, desde o seu surgimento, investe em um projeto de sociedade formulado em modos de viver e pensar lesbofeminista e antirracista, que se firma na construção de coletivos, grupos só de mulheres. Esses grupos, pelas lentes de Arroyo (2012) e Gohn (2012, 2012a) são percebidos como territórios de produção e difusão de pensamento e movimento que tornam visível a existência lésbica para além da vida privada e, como tal, são espaços de empoderamento feminino, estratégias de enfrentamento aos sistemas heteropatriarcal, racista e capitalista. Escrita na primeira pessoa, sem pretensão de verdade, a tese é caracterizada como saber militante, conhecimento situado desde o corpo sapatão. |