Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Bahamonde, Nila Mara Smith Galvão
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Orientador(a): |
Amorim, Leila Denise Alves Ferreira |
Banca de defesa: |
Fiaccone, Rosemeire Leovigildo,
Fernandes, Lígia Gabrielli,
Gonçalves, Luana Giatti,
Fonseca, Maria de Jesus Mendes da,
Amorim, Leila Denise Alves Ferreira |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal da Bahia. Instituto de Saúde Coletiva
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC-ISC)
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Departamento: |
Instituto de Saúde Coletiva - ISC
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufba.br/handle/ri/37766
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Resumo: |
A Síndrome Metabólica (SM) é um distúrbio complexo caracterizado pela coocorrência de anormalidades metabólicas, que apresenta destacada importância do ponto de vista epidemiológico por sua alta prevalência e pela evidência de sua associação com doenças cardiovasculares (DVC) e diabetes mellitus tipo 2 (DM2). O critério mais recente proposto para a definição da SM estabelece seu diagnóstico a partir da presença de pelo menos três dentre os seguintes componentes: obesidade abdominal, hiperglicemia, hipertrigliceridemia, baixos níveis de colesterol HDL e elevada pressão arterial sistêmica. A abordagem comum em pesquisas quantitativas que tratam da SM estabelece a identificação dos casos da síndrome considerando-a como um traço dicotômico (presença/ausência). Ainda que esta abordagem seja útil em pesquisas epidemiológicas, não considera a natureza heterogênea da SM, que se apresenta pela ocorrência de agrupamentos distintos dos seus componentes, o que pode não revelar diferenças importantes na avaliação do risco à saúde. Uma abordagem alternativa busca caracterizar a SM como um construto (ou variável não diretamente observável), identificando, empiricamente, os padrões/subtipos de sua ocorrência a partir da análise das combinações manifestas de seus componentes. Esta abordagem utiliza métodos estatísticos multivariados, incluindo os Modelos de Mistura, que recentemente vêm encontrando amplo potencial de uso na investigação de fenômenos na área da saúde. São modelos flexíveis, que permitem discriminar subgrupos de indivíduos não diretamente observados na população e avaliar a associação entre o pertencimento a estes subgrupos e variáveis antecedentes e consequentes de interesse, em desenhos transversais e longitudinais. No presente trabalho, Modelos de Mistura foram explorados, buscando-se ampliar a compreensão sobre a manifestação da SM na população feminina brasileira, a partir da identificação e análise de padrões/subtipos deste distúrbio, emergentes entre mulheres participantes do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil). O ELSA-Brasil é um estudo multicêntrico que acompanha, desde 2008, servidores civis (35 a 74 anos) de instituções de ensino superior e pesquisa em três diferentes regiões do Brasil, com o propósito principal de avaliar a incidência e a progressão de doenças crônicas entre adultos brasileiros. Iniciaram na coorte ELSA-Brasil 15.105 participantes, dos quais 8.218 foram mulheres. Análises foram realizadas utilizando-se tipos particulares de Modelos de Mistura, denominados Modelos de Classes Latentes: a Análise de Classes Latentes (LCA), a Análise de Classes Latentes com Medidas Repetidas, a Análise de Transição Latente e a Análise de Classes Latentes com Desfechos Distais. Em uma abordagem transversal com dados da linha de base do ELSA-Brasil, foram identificados três padrões distintos de SM (denotados por alta, moderada e baixa expressão metabólica) para a população do estudo. Os dois padrões de maior expressão metabólica representaram a maioria (53,8%) das mulheres analisadas. Fatores sociodemográficos e biológicos, como a classe social baixa e a combinação da idade acima de 50 anos com a condição de menopausa, revelaram desigualdades no pertencimento aos subtipos da síndrome. Em uma abordagem longitudinal, a análise da mudança qualitativa da SM, baseada em dados das duas primeiras ondas do ELSA-Brasil, mostrou padrões persistentes de SM ao longo do tempo. Características individuais, como a idade igual ou acima de 50 anos (OR=7,18; IC95%: 5,68-9,06), o nível de escolaridade fundamental (OR=3,26; IC95%: 2,05-5,17) e médio (OR=2,23; IC95%: 1,78-2,79), o tabagismo prévio (OR=1,89; IC95%: 1,50-2,38) e a prática insuficiente de atividade física no lazer (OR=1,52; IC95%: 1,24-1,87), influenciaram a permanência no padrão de maior risco metabólico. Após 4 anos de seguimento, a transição de padrões de menor risco à saúde para padrões de maior risco à saúde foram mais prováveis do que a transição inversa para as mulheres do estudo. Subgrupos de mulheres identificados a partir dos padrões emergentes de SM na linha de base do estudo apresentaram diferenças para o risco de desenvolvimento do DM2, destacando-se a frequência de casos incidentes (11,7%) e a razão de risco (3,21; IC95%: 2,30-4,49) para o DM2 dado o pertencimento ao padrão ‘SM Parcial’, caracterizado pela presença conjunta de obesidade abdominal, hiperglicemia intermediária e elevada pressão arterial. Os resultados deste trabalho apontam para a relevância de se considerar a heterogeneidade na expressão da SM ao se avaliar sua ocorrência, relação com fatores de risco e doenças associadas, bem como para o potencial do uso de modelos de mistura como estratégia analítica nestas investigações. |