Compreensão e modos de lidar com o racismo nas práticas de psicólogos(as) clínicos(as), que atuam na cidade de Salvador, Bahia: uma visão psicanalítica.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Boschetti, Daniela Abate lattes
Orientador(a): Dejo, Vania Nora Bustamante lattes
Banca de defesa: Dejo, Vania Nora Bustamante lattes, Schucman, Lia Vainer lattes, Costa, Eliane Silvia lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Pós-Graduação em Psicologia da Saúde (PPGPS)
Departamento: EDUFBA
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/40739
Resumo: BOSCHETTI, Daniela Abate. Compreensão e modos de lidar com o Racismo nas práticas de psicólogos(as) clínicos(as), que atuam na cidade de Salvador, Bahia: uma visão psicanalítica. 2024. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Instituto de Psicologia, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2024. 108 f. RESUMO O presente estudo tem como objetivo investigar como tem sido a prática dos(as) psicólogos(as) clínicos(as), quando lidam com as relações raciais, refletindo como o racismo e a branquitude afetam o trabalho clínico e como os(as) profissionais lidam com esta importante temática nos dias atuais. Nessa direção, abordamos a discussão teórica sobre o racismo, onde buscamos realizar uma breve revisão histórica e conceitual sobre o tema e no momento seguinte nos debruçamos sobre a branquitude, também revisando o histórico e o conceito. Após, realizamos uma revisão de literatura brasileira no portal de Periódicos CAPES, utilizando as palavras-chave: raça, racismo e psicologia clínica, esta revisão nos indica que existe um número crescente de estudos sobre relações raciais nas práticas de saúde, inclusive de psicólogos(as) e psicanalistas, porém muito ainda precisa ser investigado, tanto pela relevância do tema, como pela escassez dos achados. Em seguida, desenvolvemos a fundamentação teórica, usando como base a Psicanálise do Sujeito do Grupo postulada por René Kaës. O autor parte da premissa que o sujeito é necessariamente sujeito do vínculo. Os principais conceitos apresentados em nossa fundamentação teórica são: as alianças inconscientes, que segundo o autor, existem a partir do vínculo, estão presentes na vida do sujeito desde o início, dão forma e suporte aos processos de identificação, formam através de sua inscrição o elo intersubjetivo, que se torna consistente e também e executam o trabalho de ligação entre as subjetividades de cada sujeito e o conceito de pactos narcísicos, onde o autor discute como o narcisismo do indivíduo solicita e forma alianças com os membros de um grupo e com o conjunto. Estes conceitos dão base aos estudos de diversos autores sobre o entendimento das relações raciais na atualidade. O método envolveu a pesquisa qualitativa que se utilizou da estratégia de estudo de casos. Realizamos entrevistas abertas junto a oito psicólogos(as) clínicos(as) que atuam na cidade de Salvador, Bahia, em dispositivos públicos e/ou privados, indicados pelo seu interesse e sensibilidade com a temática. Desse modo buscamos atender o objetivo geral desta pesquisa: compreender como o racismo é percebido pelos(as) psicólogos(as) clínicos(as) em Salvador, Bahia, na sua atuação profissional e quais são as estratégias de enfrentamento utilizadas. Os dados foram analisados colocando em diálogo o referencial teórico com a revisão de literatura a partir da estratégia da análise temática. Os resultados apontam para mudanças no manejo clínico no que diz respeito às relações raciais, eles estão organizados em três capítulos. No primeiro, intitulado: “Concepção dos psicólogos(as) sobre o racismo do ponto de vista sócio-histórico e psicológico”, nos debruçamos sobre a construção sócio-histórica do racismo, especificamente na cidade de Salvador, Bahia, refletindo como esta construção constitui em parte o psiquismo dos indivíduos e impacta no trabalho clínico dos(as) profissionais que atuam nesta cidade. No segundo capítulo, intitulado: “Processos subjetivos e intersubjetivos, envolvidos no enfrentamento do racismo”, buscamos entender os processos subjetivos e intersubjetivos dos(as) profissionais entrevistados(as) e da sua prática clínica, usando para a análise o conceito de alianças inconscientes construído por René Kaës e os avanços destes, elaborados por Cida Bento e Eliane Costa, no que diz respeito as relações raciais. No último capítulo, intitulado: “Racismo e branquitude na prática clínica”, refletimos como o racismo e a branquitude se apresentam na prática clínica do(a) psicólogo(a). Pudemos pensar os percursos singulares e coletivos e perceber que houve mudanças no entendimento do tema, que se desdobram na prática clínica, e notar os avanços no manejo das repercussões e do sofrimento psíquico causado pelo racismo. Os profissionais demonstraram compreensão e consequentemente intervenções clínicas sobre processos transferenciais das relações raciais, análise e interpretações deste conteúdo, promovendo saúde mental e abertura para um trabalho clínico que está a serviço da vida. Destacamos os aportes desta pesquisa com a demonstração de como avanços no letramento racial dos profissionais contribuíram para gerar mudanças na escuta e reposicionamento da psicologia clínica como um lugar de reapropriação, reparação histórica e reorientação ética, através da dimensão subjetiva dos sujeitos, rumo ao trabalho clínico que traga desenvolvimento emocional e avanços na equidade racial.