Cuidado infantil e gênero na perspectiva de famílias que frequentam o Programa de Saúde Mental Infantil Brincando em Família.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Fernandes, Narla Denise Rodrigues lattes
Orientador(a): Dejo, Vânia Nora Bustamante
Banca de defesa: Dejo, Vania Nora Bustamante, Silva, Luís Augusto Vasconcelos da, Delfini, Patricia Santos de Souza
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC-ISC)
Departamento: Instituto de Saúde Coletiva - ISC
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/37974
Resumo: Este trabalho se insere na incipiente discussão sobre famílias, políticas e práticas de Saúde Mental Infantil, em diálogo com apontamentos presentes na literatura sobre a importância de incluir e qualificar o cuidado com a família. Temos como objetivo geral compreender como famílias que frequentam o Programa de Saúde Mental Infantil Brincando em Família (PSMIBF) cuidam de suas crianças. E, como objetivos específicos analisar como se constrói o cuidado infantil no cotidiano das famílias; explorar possíveis diferenças no cuidado a crianças relacionadas dinâmicas familiares; explorar como as famílias compreendem as queixas sobre as crianças; explorar como as famílias compreendem o cuidado ofertado no programa em questão. A fundamentação teórica, na qual ancoramo-nos, é a teoria geral do cuidado articulada com as discussões sobre saúde mental, gênero e dispositivos. O estudo foi realizado durante o período da pandemia de Covid-19 no PSMIBF, um espaço permanente de ensino, pesquisa e extensão vinculado à Universidade Federal da Bahia, que busca trabalhar com crianças e suas famílias, tecendo diálogos com outros serviços dirigidos ao público infantil. Os (as) participantes, foram pessoas que frequentavam o programa desde antes do momento pandêmico. No total, foram entrevistadas seis famílias, onde, em alguns casos, houve também a presença masculina. Dentre as (os) participantes predominam pessoas autodeclaradas negras ou pardas, com baixa escolaridade, situação financeira precária, moradoras de bairros periféricos, expostas a situações de violência. Encontramos a predominância do lugar das mulheres como cuidadoras, que coexistem com frequentes relatos da não intenção de ter filhos, antes da gravidez acontecer. Argumentamos que, para os (as) participantes, o cuidado infantil tem estreita relação com um “projeto de pessoa” onde é central que a criança seja obediente para não dá para ruim”. Diversas ações são direcionadas neste sentido, desde cuidados básicos e cuidados relacionais - que envolvem educação, correção de comportamentos -, e a relação com as políticas públicas, com destaque para serviços de saúde e educação. Sobre frequentar um serviço de Saúde Mental Infantil, foi identificado que frequentemente, quando a família não consegue que a sua criança apresente a esperada obediência, e também quando recebe queixas no ambiente escolar e familiar, há uma procura por serviços de saúde mental. Há uma diversidade de modos compreensão das queixas, mas o ponto de congruência, continua estando nesse eixo, de procurar ajustar o comportamento das crianças ao esperado, de acordo com os scripts de gênero e as preocupações sobre o futuro. A relação com o programa se mostra importante para essas famílias - que são, de maneira predominante, mulheres marcadas pelo dispositivo materno -, que se sentem acolhidas e compreendidas. E, nesse sentido, foram ouvidas algumas narrativas das famílias, à medida que tiveram contato com o programa, apontando problematizações de olhares patologizantes sobre as crianças.