Estigma do peso experienciado por docentes universitários brasileiros na fase inicial da COVID-19

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Oliveira, Micaella de Cássia Meira lattes
Orientador(a): Martins, Poliana Cardoso lattes
Banca de defesa: Martins, Poliana Cardoso lattes, Bezerra, Vanessa Moraes lattes, Silva, Fernanda Rodrigues de Oliveira Penaforte lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC - IMS) 
Departamento: Instituto Multidisciplinar em Saúde (IMS)
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/41325
Resumo: A pandemia de COVID-19 transformou drasticamente a vida global e exigiu adaptação dos processos educativos ao ensino remoto emergencial, transição que impôs desafios adicionais aos docentes, que já enfrentavam dificuldades relacionadas à saúde mental e física. O contexto influenciou as práticas alimentares ao associar a padrões corporais e à preocupação com o peso devido a obesidade ter sido apontada como fator de risco para formas graves da COVID-19. Propiciamente, potencializou o estigma do peso, caracterizado por discriminação e preconceito contra indivíduos com excesso de peso. Embora o estigma tenha sido estudado em diversos contextos, há uma carência de pesquisas focadas no estigma do peso, especialmente no âmbito educacional e entre docentes universitários, que evidenciam a necessidade de estudos mais aprofundados nessa área. Com isso, objetivou-se avaliar a prevalência do estigma do peso experienciado por docentes universitários brasileiros no período inicial da pandemia de COVID-19, identificar os contextos de experienciação e estimar e caracterizar fatores associados ao estigma do peso. Trata-se de um estudo transversal com dados coletados on-line em 2020. A variável dependente de estigma do peso experienciado foi determinada a partir dos indivíduos que já haviam sido discriminados ou importunados pelo excesso de peso em algum contexto de experienciação durante a pandemia. As variáveis independentes foram agrupadas em três blocos: socioeconômicas e demográficas; características de saúde geral e estilo de vida; e saúde mental e práticas alimentares. Foi empregada Regressão de Poisson com variâncias robustas e com entrada hierarquizada das variáveis. Dos 1.858 docentes universitários incluídos neste estudo, 65,1% eram do sexo feminino, com média de idade de 46,3 anos (desvio padrão: 10,2 anos), em sua maioria brancos, com companheiro e filhos, titulação de doutorado e renda superior a 10.000 reais, vinculados majoritariamente apenas à Instituições de Ensino Superior pública. A prevalência de experiência de estigma do peso durante a pandemia foi de 16,9% (IC95%: 15,14-18,55), predominantemente ocorrido no âmbito familiar (64,86%; IC95%: 59,38-69,96). O estigma do peso demonstrou associação com idade de forma inversa (p-tendência linear: <0,0001), raça/cor parda (RP: 1,26; IC95%: 1,02-1,56), autoavaliação de saúde ruim (RP: 1,95; IC95%: 1,42-2,69), inatividade física (RP: 1,33; IC95%: 0,02-0,93), índice de massa corporal em sobrepeso (RP: 2,12; IC95%: 1,60-2,82) e obesidade (RP: 3,16; IC95%: 2,41-4,15), comer excessivo (RP: 2,21; IC95%: 1,72-2,84), consumo alimentar reduzido (RP: 1,52; IC95%: 1,20-1,92), diagnóstico de transtornos alimentares (RP: 1,48; IC95%: 1,16-1,89) e sofrimento emocional (RP: 1,32; IC95%: 1,03-1,68). O estigma associado ao peso é notório no contexto familiar, que frequentemente se torna um espaço de crítica e pressão, e a discriminação é mais pronunciada em pessoas mais jovens, reflexo dos padrões socioculturais. Professores, por já vivenciarem inúmeras opressões oriundas de seu exercício laboral, necessitam de maior atenção às suas vivências, pois a experimentação do estigma relacionado ao peso e ao corpo pode somatizar no comprometimento da qualidade de vida e da saúde física e emocional desses profissionais, uma vez que o estigma do peso, embora normalizado socialmente, é intolerável, viola os direitos humanos e afeta persistentemente a saúde física e mental dos indivíduos acometidos.