Da Mata Branca ao estado de degradação: a desertificação em Canudos-BA

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Oliveira Junior, Israel de
Orientador(a): Silva, Barbara-Christine Marie Nentwig
Banca de defesa: Torres, Antonio Puentes, Tomasoni, Marco Antonio, Lobão, Jocimara Souza Britto, Vale, Raquel de Matos Cardoso do
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Geociências
Programa de Pós-Graduação: Geografia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/32116
Resumo: No contexto da crise ambiental planetária, problemáticas suscitam debates científicos e constituem campo de interesse da ciência geográfica. A desertificação encontra-se entre as piores mazelas decorrentes no trópico semiárido, pois uma rede de processos e elementos atuam para causá-la e prologar os efeitos no espaço e no tempo. O desequilíbrio da relação clima-solo-planta desencadeia um conjunto de problemas de natureza física, biológica e social, como a erosão acelerada, perda da biodiversidade vegetal e diminuição da produtividade agrícola. Por isso, a categoria de análise paisagem é chave no estudo sobre a desertificação, ao possibilitar uma abordagem interativa dos elementos que a constitui e das problemáticas evidentes nas diferentes escalas. O entendimento dos fatores envolvidos e as técnicas de análise ambiental sobre a desertificação são questões carentes de respostas, que inquietam geógrafos à busca de (re)pensar sobre os assuntos de interesse social e acadêmico. A utilização de indicadores conduz a uma investigação abrangente referente à degradação das terras secas, como os de uso e cobertura da terra, métricas de paisagem, índice de vegetação e erosão. Eles possibilitam apreciar os desequilíbrios da relação climasolo-planta e, por conseguinte, dimensionar discussões em torno dos elementos físicos, biológicos e sociais da paisagem. Assim, por meio deste estudo, objetivou-se analisar o processo de desertificação, para promover caminhos de mapear núcleos de desertificação em estágio avançado de degradação ambiental, a partir das condições dos solos, das feições vegetais, da produção agropecuária e outros. Definiu-se o município de Canudos-BA como unidade espacial de estudo a partir de dados referentes à vulnerabilidade ambiental e índice de pobreza hídrica empregados no contexto da Área Susceptível à Desertificação da Bahia. Aplicou-se o geoprocessamento para produzir dados relacionados ao uso e cobertura da terra das décadas de 1970 a 2010; às métricas de paisagem, pautadas na Ecologia de Paisagem, no recorte temporal de 1977 a 2017; ao índice de vegetação, avaliado no período seco e chuvoso dos anos de 2001 a 2016; ao mapeamento da erosão; às modelagens ambientais de susceptibilidade, de vulnerabilidades e de severidade da desertificação. Ampliou-se o debate dos produtos por meio de informações de campo oriundas do levantamento de mais de 250 pontos, ocorrentes em nove períodos, e introduziu-nas no sistema de informação geográfica para inter-relação dos conhecimentos. A pecuária e a agricultura são as principais atividades impulsionadoras da pressão ambiental, porque introduziram práticas e técnicas impróprias diante da fragilidade natural. O desmatamento e queimadas eram praticados corriqueiramente para preparar os solos à produção agropecuária e causaram desequilíbrio ambiental, ao promover a perda da biodiversidade vegetal, exposição dos solos às intempéries e instalação da erosão acelerada, o pior fator e, em concomitância, a pior consequência da desertificação. Pelos indicadores, estabeleceu-se as áreas degradadas, a partir do mapeamento do núcleo de desertificação Altos Pelados e da Área Vizinha, com estágio avançado de deterioração, que se alastram em mais 531km2 do território canudense. Os dados da tese convergiram para indicar a degradação ambiental e atestar as contradições dos sistemas produtivos procedentes da racionalidade econômica ocidental, que minam as possibilidades de sustentabilidade e materializam a crise ambiental em Canudos-BA.