De(s)colonização dos sentidos: Uurgência necessária para um ensino de língua espanhola para fins específicos humanizador - Lefehu.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Souza, Iris Nunes de. lattes
Orientador(a): Paraquett, Marcia
Banca de defesa: Lima, Diógenes Cândido de, Rodrigues, Luana Ferreira, Mendes, Edleise Oliveira Santos, Landufo, Cristiane Maria Campelo Lopes de Sousa, Paraquett, Marcia
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Coleções por área do conhecimento
Departamento: Instituto de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/37335
Resumo: Esta tese foi idealizada e construída a partir do percurso de minhas vivências. Ao fazer a reflexão sobre minha identidade profissional, minha práxis docente, minha (re)construção identitária na condição de mulher, afrodescendente, latino-americana, brasileira, nordestina, professora de uma universidade pública do interior da Bahia, proponho que, no âmbito da didática e da pedagogia, necessitamos, em primeiro plano, De(s)colonizar nossos sentidos (visão, audição, paladar e tato), pois enxergamos, ouvimos, tocamos e degustamos pelo viés dos colonizadores, nossos corpos foram catequisados e plasmados em uma só direção, por isso, nossas ideias, palavras e ações foram/são corrompidas pelos sentidos de outrem. Sendo assim, como poderemos respeitar, acolher, acrescentar, problematizar, promover outros saberes, outras culturas, outras construções ontológicas e epistêmicas se ainda reproduzimos os mesmos olhares, falas, atitudes e pensamentos dos nossos “civilizadores”? Os chamados cinco sentidos são a porta de entrada para a construção do que denominamos de conhecimento, educação e/ou aprendizagens. Portanto, a tríade De(s)colonização, Interculturalidade e Complexidade é urgente, não apenas, em cursos de formação de professores de língua espanhola e/ou Fins Específicos/Instrumental, faz-se necessária em todos os lugares em que as língua(gens) e a educação se fazem presentes. As línguas(gens) concretizam saberes, ou seja, a edificação do ser, por isso, a importância do sensorial, nesse processo. O fato de termos sido colônia de Portugal incita-nos a muito mais que (re)existir impulsiona a nos desacorrentar para prosseguir pelo caminho da De(s)colonização da nossa forma de ver, ouvir, tocar, degustar, cheirar e sentir, (re)construindo ethos e epistemologias originárias de nosso locus enunciativo. Por essa razão, esta tese, oriunda de uma geografia e geopolíticas locais, teve como principal objetivo estimular a De(s)colonização dos sentidos dos participantes da pesquisa e, por conseguinte, a De(s)colonização de saberes ontológicos e epistemológicos. A geração dos dados ocorreu em dois contextos de aprendizagem de Língua Espanhola: (i) como Língua Instrumental/Fins Específicos no curso de História da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) e (ii) como formador de docentes em Língua Estrangeira no curso de Letras da Universidade Federal da Bahia (UFBA). A base teórica se apoiou na Linguística Aplicada, entendida como área que compreende as linguagens em uso social; na Interculturalidade, compreendida como um processo que busca a equidade social entre as pessoas; na concepção de Língua sempre associada à Cultura; e na Complexidade, entendida como religação de saberes. A orientação metodológica foi ancorada no escopo da pesquisa qualitativa de cunho etnográfico com recortes autoetnográficos (o percurso da mulher, professora e pesquisadora se fundem na geração de dados da investigação), analisados na perspectiva da Hermenêutica Pluricêntrica, posto que, o fenômeno pesquisado exigiu múltiplas interpretações. Os resultados da investigação demonstraram que se faz urgente uma prática pedagógica de Língua Espanhola Instrumental/para Fins Específicos e/ou Formadora de Professores de Língua Espanhola, ou quaisquer outras graduações, que seja De(s)colonizadora e, sobretudo, que não faça distinção entre disciplinas como superior/inferior, pois não há diferença entre um curso de Formação de Professores de Língua Espanhola e o de Licenciatura em História quando o principal objetivo é De(s)colonizar o sensorial. Faz-se necessário ressaltar que os dados deixam claro que não existem divergências quando se tem a Pedagogia Intercultural aliada a Complexidade, esses fazeres pedagógicos são necessários para a formação do indivíduo não só como profissional, mas, principalmente, como ser humanizado, a fim de que perceba o que vê, mas não enxerga, o que ouve, mas não escuta, o que degusta, mas não saboreia, o que segura, mas não toca, o que identifica o cheiro, mas não distingue os odores, esta tese invoca-nos a esperançar descolonizando nossas práxis docente.