Saúde mental e conjugalidade de mulheres primíparas: adaptação de um programa de intervenção direcionado à transição para a parentalidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Oliveira, João Marcos de
Orientador(a): Alvarenga, Patrícia
Banca de defesa: Frizzo, Giana Bitencourt, Dutra-Thomé, Luciana, Ristum, Marilena, Murta, Sheila Giardini
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Psicologia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/26733
Resumo: A transição para a parentalidade é um período desenvolvimental, com mudanças graduais e progressivas relacionadas ao estabelecimento das relações afetivas e de cuidado entre mães, pais e seus filhos. O presente estudo teve como objetivo avaliar as relações entre a saúde mental da mulher e a conjugalidade durante a transição para a parentalidade e os efeitos de um programa de intervenção domiciliar sobre esses dois fatores. A saúde mental materna foi avaliada pelos sintomas de transtornos mentais comuns e de depressão. A conjugalidade foi avaliada em duas dimensões: o ajustamento diádico e a comunicação do casal. Os objetivos da pesquisa foram alcançados por meio de dois estudos. O Estudo I avaliou as relações entre a saúde mental da mulher e a conjugalidade durante a transição para a parentalidade por meio de um delineamento correlacional. Participaram do Estudo I, 50 mulheres primíparas, acompanhadas em maternidades públicas ou Unidades de Saúde da Família da cidade de Salvador, que coabitavam com o genitor do bebê e que estavam no segundo ou terceiro trimestre de gestação do primeiro filho do companheiro atual. Os instrumentos utilizados foram o Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20) e o Inventário Beck de Depressão (BDI) para a avaliação da saúde mental, e a Escala de Ajustamento Diádico (EAD) para a avaliação da conjugalidade. O Estudo II testou os efeitos de um programa de intervenção domiciliar sobre a saúde mental da mulher e a conjugalidade com um delineamento experimental de caso único do tipo AB, com medidas repetidas. Participaram deste estudo uma das mães que integrou a amostra do Estudo I e o pai do seu bebê. A coleta de dados teve início no segundo mês do bebê e foi finalizada aos sete meses. Além dos instrumentos do Estudo I respondidos no pré-teste e no follow-up, foram realizadas seis visitas domiciliares de avaliação divididas entre o pré e pós-teste, com intervalos aproximados de duas semanas. Em cada uma das visitas de avaliação, foi realizada a Observação da Interação do Casal para avaliar a comunicação do casal, considerada uma dimensão da conjugalidade. Cada observação teve duração aproximada de 10 minutos. Entre as avaliações pré e pós-teste, foram conduzidas seis visitas domiciliares para a realização do programa de intervenção Bases da Família. No Estudo I, análises correlacionais e regressões múltiplas revelaram que tanto os sintomas de transtornos mentais comuns quanto os sintomas de depressão estão relacionados a menor qualidade do ajustamento diádico em mulheres, durante a transição para a parentalidade. Também se destacou o poder preditivo do tempo de relacionamento do casal, junto aos transtornos mentais comuns, na explicação do ajustamento diádico. O Estudo II não revelou efeitos substanciais do programa Bases da Família. Houve apenas o aumento da frequência de discussão positiva e a redução da frequência da recusa de atenção do pai, do pré para o pós-teste. Constatou-se ainda o aumento do escore de satisfação diádica autorrelatada pela mãe. A ausência de efeitos sobre a saúde mental materna, sobre as demais dimensões do ajustamento diádico e sobre a comunicação materna indica que o formato e os conteúdos abordados pela intervenção não foram adequados para promover esses fatores. Isso pode ter ocorrido, pelo menos em parte, devido ao potencial de influência dos sintomas de depressão e transtornos mentais comuns da mãe sobre os demais domínios da transição para a parentalidade.