Gestação em tempos de zika vírus: experiências de mulheres que engravidaram após o surgimento do zika vírus no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Lima, Fernanda Macedo da Silva
Orientador(a): Iriart, Jorge Alberto Bernstein
Banca de defesa: Menezes, Greice Maria de Souza, Brigagão, Jacqueline Isaac Machado
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Saúde Coletiva
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/32093
Resumo: A chegada do zika vírus ao Brasil em 2015 e a sua principal consequência, a síndrome congênita do zika vírus, com repercussões sobre o desenvolvimento fetal e infantil, causou comoção nacional e evidenciou a necessidade do desenvolvimento de cuidados especiais entre mulheres em idade reprodutiva e, principalmente, por gestantes. Esta nova conjuntura influenciou a experiência das mulheres que engravidaram logo após a epidemia deste vírus no país. Todavia, até o momento nenhum estudo investigou a experiência de gestantes, segundo as suas condições socioeconômicas e os contextos culturais e ambientais específicos. Portanto, o objetivo deste estudo foi compreender os significados, práticas e estratégias de prevenção desenvolvidas por gestantes de diferentes estratos sociais da cidade de Salvador-Bahia, bem como a contribuição de seus parceiros para lidar com o risco de infecção após o surgimento do zika vírus no Brasil. Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, baseado na análise de conteúdo de entrevistas semiestruturadas com 18 gestantes, sendo nove com gestantes de camadas populares e nove com gestantes de classe média/alta. Estas mulheres foram estratificadas segundo o nível de escolaridade, local de residência e tipo de inserção nos serviços de saúde. Os dados produzidos demonstraram insuficiências no conhecimento das gestantes sobre aspectos importantes da infecção pelo zika vírus, apesar de todas estarem vinculadas aos serviços de saúde para o acompanhamento pré-natal. As mídias sociais se caracterizaram como importantes veículos de informação sobre o zika vírus, o que influenciou a maneira como as gestantes significaram o vírus. Enquanto as gestantes de classe média/alta retrataram o zika vírus como uma “apreensão” ou “uma preocupação a mais durante a gravidez”, as gestantes de camadas populares significaram o zika vírus como uma “doença muito grave” e que desenvolve sentimentos como “medo”, “pânico”, fazendo com que elas passem a “gravidez inteira insegura”. A estratificação social e o contexto ambiental também influenciaram nas estratégias de prevenção desenvolvidas por estas mulheres. O desenvolvimento de práticas ambientais e corporais para reduzir o risco de infecção foram mais evidentes entre gestantes de camadas populares por se sentirem mais expostas ao risco no ambiente em que vivem. Os parceiros exerceram intensa cobrança sobre as gestantes quanto as ações de prevenção, porém estes não desenvolviam práticas de cuidados corporais para evitar a picada dos mosquitos, apesar do vírus também ser transmitido por via sexual. Portanto, é fundamental investir em ações de saúde que incluam os homens como sujeitos igualmente responsáveis por práticas preventivas durante a gestação, além de desenvolver capacitações para que os profissionais de saúde assegurem a disponibilização de informações relevantes e culturalmente pertinentes para as mulheres sobre a infecção pelo zika vírus e suas consequências.