Mulher negra, professora de alemão na Bahia: intersecções e proposições para a formação de professoras(es) em ambiente intercultural e decolonial

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Sampaio, Ivanete da Hora lattes
Orientador(a): Mendes, Edleise lattes
Banca de defesa: Sampaio, Ivanete da Hora lattes, Santos, Terezinha Oliveira lattes, Uphoff, Dörthe lattes, Santos, Kelly Barros lattes, Scheyerl, Denise de Menezes lattes, Puh, Milan, Mendes, Edleise
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura (PPGLINC) 
Departamento: Instituto de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/40186
Resumo: Neste trabalho, inspirado em Conceição Evaristo, apresento minhas escrevivências, minha trajetória pessoal e profissional, centrada no ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras, especialmente de alemão, como uma mulher negra e professora/pesquisadora nesse contexto. O fato de falar uma outra língua me possibilitou outras maneiras de ser e estar no mundo, porém o acesso a sua aprendizagem é um privilégio de corpos elitizados e o acesso à aprendizagem da língua alemã para corpos negros é quase uma transgressão. Assim, o objetivo desta tese é visibilizar e problematizar a história de vida, formação e redes de uma professora negra atuante no ensino de alemão no Brasil, e em especial em Salvador, enquanto um aporte epistemológico e praxiológico para repensar a educação linguística intercultural e afrocentrada, rumo a uma educação linguística decolonial e discutir modos de ampliar o acesso democrático às línguas. Nesta tese, portanto, apresento as estratégias desenvolvidas por este corpo-negro para adentrar determinados espaços de poder e como esse corpo, ocupando esses espaços, construiu possibilidades e alterou a estrutura em que atuou. Ressalto a importância de outras professoras falarem de si, possibilitando um diálogo entre sua prática e as epistemologias estudadas na academia estimulando, assim, a autonomia dessas(es) profissionais diante da necessidade de produzir materiais que possibilitem uma aprendizagem crítica e reflexiva do alemão, sob uma perspectiva intercultural e decolonial. Desse modo, utilizei metáforas do teatro para construir esta tese provocando um movimento de descolonização da estrutura normalmente imposta a trabalhos acadêmicos. A construção do referencial teórico-metodológico seguiu os princípios da pesquisa qualitativa e autoetnográfica, por meio de narrativas, o que viabilizou a análise do meu percurso formativo com os dados gerados durante a pesquisa, com base no Letramento Racial Crítico e na Educação Linguística intercultural. Esta tese se insere na área da Linguística Aplicada, em diálogo com outras áreas do conhecimento, como a Antropologia, a Sociologia e os Estudos Culturais. Nesse âmbito, é importante ressaltar que conteúdos sobre questões raciais ainda provocam desconforto na academia, em virtude de uma estrutura racista e colonial que exclui corpos negros do protagonismo, do acesso a línguas estrangeiras, tanto na docência quanto na discência. Assim, os resultados evidenciaram a necessidade de os cursos de licenciatura em línguas estrangeiras, principalmente de alemão, serem reestruturados buscando uma abordagem mais crítica e sensível no ensino de línguas estrangeiras, ressignificando a presença de corpos invisibilizados e proporcionando oportunidades aos grupos minorizados.