Branquitude normativa no livro didático de inglês: perpetuação do racismo e manutenção de privilégios

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Passos, Tarsila Batista lattes
Orientador(a): Siqueira, Domingos Sávio Pimentel
Banca de defesa: Siqueira, Domingos Sávio Pimentel, Santos, Terezinha Oliveira, Santos, gabriel Nascimento dos
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura (PPGLINC) 
Departamento: Instituto de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/37483
Resumo: O Programa Nacional do Livro e Material Didático (PNLD) é destinado a assegurar que os livros didáticos distribuídos nas escolas públicas brasileira estejam de acordo com a legislação, as diretrizes e as normas oficiais relativas à Educação nacional. Atualmente, há em vigor políticas curriculares que buscam reconhecer e valorizar a identidade, história e cultura de afrobrasileiros, além de combater o racismo e as discriminações através da educação. Os livros didáticos podem contribuir para ratificar ou desconstruir o racismo e o ensino-aprendizagem de inglês não fica de fora dessas discussões. Questões étnico-raciais em livros didáticos de inglês têm sido tema de estudos no Brasil há pelo menos duas décadas. No entanto, uma das lacunas identificadas em pesquisas linguísticas sobre questões raciais é a ausência do branco como tema de estudo. O segmento racial que deu origem às práticas racistas acaba ficando isento do seu lugar no que diz respeito às desigualdades raciais. Portanto, essa pesquisa qualitativa, de cunho interpretativista e base documental, tem por objetivo analisar e demonstrar ‘se’ e ‘como’ os mecanismos da branquitude são acionados para reforçar a identidade racial branca como norma e naturalizar a super-representação branca e euro-estadunidense em livros didáticos de língua inglesa produzida no Brasil. Com base nos dados coletados a partir de uma coleção didática voltada para o Ensino Fundamental 2, foi feita uma análise dos conteúdos referentes à cor das pessoas representadas, às identidades sociais de raça e o modo como o status da língua inglesa como língua franca e a dimensão intercultural preconizadas na BNCC foram tratados em relação à representação social e discussões propostas, atestando que, a despeito de alguns pontos positivos elencados, ainda há o predomínio da representação da identidade branca como norma, com cidadania plena e uma diversidade maior de profissões nas quais foram representadas, o reforço do falante de inglês branco euro-estadunidense, além de equívocos e falta de aprofundamento ao tratar de questões pertinentes para a reflexão crítica acerca da aprendizagem da língua, na contramão da proposta dos documentos oficiais. Os resultados apontam para a legitimação da branquitude como norma de humanidade, além de relacionar os privilégios raciais dos brancos – que moldam a língua inglesa como capital cultural indispensável à mobilidade e à ascensão social – à perpetuação do racismo nos livros didáticos.