Sarau literário na escola numa perspectiva decolonial

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Cerqueira, Jacqueline Nogueira
Orientador(a): Arapiraca, Mary de Andrade
Banca de defesa: Moreno, Luciana Sacramento Gonçalves, Abib, Pedro Rodolpho Jungers, Muniz, Dinéa Maria Sobral, Arapiraca, Mary de Andrade
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Educação
Programa de Pós-Graduação: em Educação
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/33772
Resumo: Esta dissertação tem como perspectiva mostrar o modo como os saraus literários transgridem o espaço da literatura na sala de aula, contribuindo para a formação de leitores e produtores de textos literários a partir de uma prática pedagógica libertadora. A relevância e o interesse científico dos achados são concernentes a alternativas metodológicas para o ensino de literatura na sala de aula, que guardam relação com práticas vigentes no mundo extraescolar dos saraus. Para sua realização, optou-se por uma pesquisa qualitativa voltada para a pedagogia do sarau escolar – objeto da investigação. Assumindo uma abordagem dialógica, referendada na pedagogia decolonial e em critérios etnográficos, o texto expõe diálogos com e entre os sujeitos da pesquisa – professores, alunas e a própria pesquisadora – na busca de compreensão das características e implicações do uso dos saraus como prática pedagógica. Tendo como recorte empírico a observação e a análise de saraus realizados em escolas do Recôncavo Baiano, constata-se a potencialidade pedagógica que as práticas saraulescas trazem para a formação leitora, no âmbito literário, e para o estímulo à produção de textos que buscam esse mesmo teor. A partir da percepção do caráter heurístico e libertador dos saraus de rua, verifica-se também, com essa prática, a possibilidade de inserção de uma literatura atual e não canônica nos espaços pedagógicos vinculados à escola, inclusive com o contato estimulador e performático com poetas e rappers. Vale ressaltar que os saraus não chegam às escolas como prática essencialista de um formato de rua. Guardando as dinâmicas e as temáticas experimentadas nos saraus de rua, eles sofrem as necessárias adaptações contextuais ao adentrar no espaço escolar, e encontram abrigo entre professores de diversas disciplinas, especialmente de Língua Portuguesa. Sua característica axial é a garantia do protagonismo de estudantes e professores, tornando-os autores e condutores de seu próprio processo de desenvolvimento. Na pesquisa, compreendemos que a prática de saraus propicia, não apenas contribuições para o comportamento dos alunos, mas também novos caminhos para os modos de ler e escrever dentro e fora do ambiente escolar, ao instaurar, por meio de sua prática, o espaço de voz para que todos, em sala de aula, possam falar, onde professor e aluno deixem aparecer suas identidades, seus pensamentos, construindo diálogos e debates por meio das práticas saraulescas. Não existe, nesta investigação, a intenção de fixar metodologias ou ditar modelos pedagógicos promissores, mas de inspirar os professores na busca de formas alternativas de efetivação de uma educação transformadora, como prática de liberdade.