Além das cercas, o que há?: a educação do campo no contexto da cultura digital.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Sena, Ivânia Paula Freitas de Souza
Orientador(a): Bonilla, Maria Helena Silveira
Banca de defesa: Pretto, Nelson de Luca, Taffarel, Celi Nelza Zulke, Carvalho, Marize Souza, Bogo, Maria Nalva Rodrigues de Araújo, Hage, Salomão Antônio Mufarrej, Bonilla, Maria Helena Silveira
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Educação
Programa de Pós-Graduação: em Educação
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/32379
Resumo: A tese apresenta a Educação do Campo no contexto da Cultura Digital, dialogando dialeticamente com o processo de reestruturação e expansão do capital, que tem as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) como aliadas. Parte do reconhecimento de que a cultura digital reconfigurou os modos de produção, acesso e distribuição do conhecimento na atualidade, e gerou novas práticas colaborativas e sociais. No Campo brasileiro, pessoas de todas as idades se utilizam dos mais diversos meios tecnológicos, diariamente. Os camponeses, que têm em sua pauta a luta pela terra, pela água e pelo alimento sem agrotóxico, também reivindicam o conhecimento como direito. A cultura digital é um tema olhado sob uma desconfiança compreensível, já que, historicamente, as tecnologias sob o domínio do grande capital não chegaram ao Campo como aliadas dos trabalhadores e sim como parte de um projeto de desenvolvimento cuja lógica é sempre de dominação para expansão dos interesses do mercado e expropriação dos camponeses. Nesse sentido, nos interessou conhecer: quais desafios da Educação do Campo no contexto da cultura digital? Quais características do processo de acesso, produção e difusão do conhecimento nessa cultura? Como as TIC se fazem presentes no cotidiano do Campo? Como os camponeses, sobretudo os jovens, se relacionam com essas tecnologias? O acesso de alunos e professores às tecnologias digitais da informação e comunicação, provoca que alterações no cotidiano da Escola do Campo? Quais os limites e possibilidades da formação humana no contexto da cultura digital? Como objetivo buscou-se compreender quais desafios teórico-práticos estão colocados para a Educação do Campo no contexto da cultura digital. A pesquisa envolveu estudantes, professores, lideranças de duas comunidades rurais do Território de Identidade do Piemonte Norte do Itapicuru, pesquisadores e movimentos sociais da Articulação Interterritorial de Educação do Campo no Semiárido. O método de pesquisa e de análise foi a perspectiva histórico-dialética. O percurso constituiu-se da elucidação dos desafios e potencialidades evidenciados na realidade objetiva, a partir da construção de relações teóricas entre as visões dos sujeitos sobre as tecnologias, os processos educativos na cultura digital e os princípios que sustentam o conceito de Educação do Campo, tomando por base as categorias contradição e totalidade, na relação dialética entre particular-geral, tese-antítese, concreto-abstrato, indivíduo-coletividade, buscando interpretar a realidade social pelo movimento real das coisas, ultrapassando a aparência e as representações. Dos resultados gerados, destacamos que há muitos limites na relação dos sujeitos do campo com as TIC, dentre eles, o caráter de apenas consumidores de conteúdo, que os expõe aos desejos e intenções do capital. Contudo, a realidade concreta explicita que as TIC podem ser importantes aliadas nas lutas dos trabalhadores, desde que constituam, sobre elas, uma percepção crítica das relações que as perpassam e se apropriem da tecnologia na sua totalidade - desde o direito ao acesso, até ao domínio do potencial de produção e comunicação do conhecimento que ela é capaz de gerar e comunicar. Dentre as conclusões, constata-se que as TIC constituem parte do projeto de inserção dos valores do capital na educação, os quais são representados pela forte presença de movimentos que reúnem empresários, como o Todos pela Educação, que têm influenciado as políticas públicas, sobretudo, as reformas curriculares. A tese afirma a relação do processo destas reformas com a reestruturação do capital e do trabalho, chamando para o alinhamento político-pedagógico da Educação do Campo ao projeto histórico emancipador da classe trabalhadora. Nesse sentido, é preciso discutir as TIC numa perspectiva crítico-superadora voltada, portanto, ao fortalecimento da Educação do Campo.