“Você volta amanhã e depois para sempre?”: o combate à educação colonialista às voltas com uma filosofia de pião

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Duarte, Thais Braz lattes
Orientador(a): Canda, Cilene Nascimento lattes
Banca de defesa: Silva Filho, Osmar Soares da lattes, Oliveira, Eduardo David de lattes, Santos, Maria Walburga dos lattes, Canda, Cilene Nascimento
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) 
Departamento: Faculdade de Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/38036
Resumo: Como as voltas de um pião, que são também as voltas deste mundo, uma educação brincante tensionada pela realidade é possível e necessária. Esta pesquisa tem como objeto o brincar dentro de uma análise crítica a partir do processo de colonialismo no Brasil. Junto às crianças do povoado do São Roque, região rural de Feira de Santana – Bahia, como sujeitas da pesquisa, o brincar como objeto fez-se também como escolha metodológica e procedimental. Considerando o brincar um espírito que permeia todas as instâncias da existência, aqui os volteios se relacionam à educação, desenvolvendo uma elaboração conceitual sobre o brincar tensionado especificamente por consequências materiais e simbólicas do legado colonial: a branquitude e a manutenção de poder em suas mãos. Através de estudos da branquitude, é identificado como traço fundamental seu ímpeto dominador, que furta o espírito, subjuga-o, e cria uma estrutura social apartada de um modo de existir brincante. Assim também o faz com o corpo nos processos de aprendizagem. Por isso a pesquisa gira pela estrutura da racionalidade na educação brasileira e seu formato ainda profundamente colonial e colonizador imposto às infâncias. Em contraposição, o conceito chave no trabalho é o da alacridade, porque dialoga com a concepção de deriva, tempo, e corpo para uma construção cosmoperceptiva e investigativa: uma Filosofia de Pião. O objetivo maior da investigação é defender o brincar como sistema cultural capaz de traçar caminhos de combate à uma educação que ainda se propõe colonizadora. Para tanto, especificamente são apontados traços do projeto colonial e da branquitude que o brincar, como ontologia, tensiona e abala. A metodologia no eixo do pião é um exercício epistemológico combatente que cruzou estudos sobre: a branquitude, as políticas educacionais no Brasil e os encontros brincantes com as crianças do São Roque. A pesquisa questiona: qual o efeito, para a educação, deste enlace do brincar a partir de uma perspectiva crítica sobre legado colonial? A pesquisa provoca a responsabilização da branquitude pela distorção do brincar como um possível eixo de regência social e, em contrapartida, contribui com fundamentos brincantes para o enfrentamento de realidades opressoras, através da educação. Tendo o brincar em si uma musculatura atitudinal, estes encontros com as crianças do São Roque inspiraram a construção de uma metodologia própria que promove o exercício de pesquisar brincando, mediante sete momentos fundamentais do brincar de pião como caminhos metodológicos: o tronco de madeira no torno; a fieira que envolve o brinquedo; o lançamento; o baile; o sono; o cambalear e a queda do pião. Como procedimento, a fotografia, o áudio visual e o diário de bordo são grandes aliados para a captação tanto da poética dos encontros com as crianças, quanto do registo de instantes importantes de reflexão. Pelos ensinamentos das crianças, mestras do ofício brincante, o brincar aqui resiste bravamente, uma vez que estas rotas brincantes contestam a formação do pensamento educacional brasileiro e apresentam um confronto à racionalidade ocidental como eixo do conhecimento.