Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Correia, Sandro Costa |
Orientador(a): |
Colling, Leandro |
Banca de defesa: |
Santos, Leandro de Paula,
Souza, Simone Brandão |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos, Universidade Federal da Bahia
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/33316
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Resumo: |
Esta dissertação identifica e analisa os problemas de gênero e sexualidade vivenciados por adolescentes e jovens em situação de privação de liberdade em duas Comunidades de Atendimento Socioeducativo de Salvador, CASE Masculina e CASE Feminina, geridas pela Fundação da Criança e do Adolescente (FUNDAC), órgão vinculado à Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS), responsável pela execução da política pública de medidas socioeducativas de internação e semiliberdade no Estado da Bahia. Em diálogo com epistemologias feministas, queer e decoloniais e com profissionais das diversas áreas de atuação e minha própria experiência no trabalho na FUNDAC, demonstro como os problemas de gênero e sexualidade encontrados no ambiente de privação de liberdade são decorrentes de concepções originais, essenciais e unívocas de sexo/gênero/sexualidade perpetradas, ao longo da história, por uma cultura impregnada por ignorâncias e tabus sexuais, que encontra no contexto socioeducativo espaço propício para a amplificação de estigmas, exclusões e violências praticadas por educandos/as, profissionais e instituição. Desse modo, verificamos como, no sistema socioeducativo, os direitos sexuais ainda são considerados de segunda ordem, secundários ou supérfluos, e estão longe de serem efetivamente garantidos como direitos humanos fundamentais, revelando contradições profundas entre os avanços legais de promoção e garantia dos direitos sexuais e a manutenção de tecnologias punitivas, que servem, sobretudo, para reificar a ordem hegemônica masculinista, heteronormativa e lgbtfóbica. Nesse contexto, os principais problemas identificados, em ambas as unidades finalísticas da FUNDAC, consistem na manutenção dos binarismos e normatividades de sexo/gênero/sexualidade, na infantilização e negligência da atividade sexual de educandos/as, no proibicionismo institucional sobre as práticas homossexuais consentidas, na utilização de ritos perversos de dominação e exploração sobre aqueles/as considerados/as subalternos/as, no estranhamento e patologização de pessoas trans, na negação da existência legítima LGBT+ e na subutilização de todas essas questões como temas geradores para desconstrução de hierarquias e desigualdades interseccionais. Em contrapartida, evidenciamos também o surgimento de pulsões de vida entre educandos/as pelo estabelecimento de relações solidárias, amorosas e transgressoras, bem como entre os/as profissionais, através do engajamento na implementação de programas que reconhecem, promovem e garantem os direitos humanos e sexuais. Isso revela os caminhos predominantemente pedagógicos, políticos e radicalmente éticos que levam em consideração os problemas de gênero e sexualidade de jovens e adolescentes em situação de privação de liberdade como oportunidades de mudança, desenvolvimento e transformação de vidas de socioeducandos/as, socioeducadores/as e da instituição. |