Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2014 |
Autor(a) principal: |
Santana, Noemi Pereira de |
Orientador(a): |
Souza, Emília Helena Portella Monteiro de |
Banca de defesa: |
Lopes, Norma da Silva,
Carvalho, Cristina dos Santos,
Heine, Lícia Maria Bahia Heine |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Instituto de Letras
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/29311
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Resumo: |
Este trabalho propõe descrever e analisar o comportamento das formas possessivas de terceira pessoa, seu e dele, em corpus do século XIX, buscando identificar os níveis de variação dessas formas e o processo de mudança, considerando-se o paradigma dos possessivos, e o fato da forma dele ser considerada a inovadora, embora viesse funcionando como possessiva desde o Português Arcaico, quando ocorria como forma de reforço, desambiguizadora. O seu e o dele têm atuado na língua como formas variantes de possessivos de terceira pessoa, em alguns contextos de uso. Estudos demonstram que, no caso do Português Brasileiro, a gramaticalização de você provocou alteração no paradigma pronominal, levando à confusão no uso dos possessivos referentes à terceira e à segunda pessoa, principalmente a partir do século XIX (LOPES, 2008). Em se tratando de terceira pessoa, alguns contextos são favorecedores do uso de uma forma em detrimento do uso da outra. Esta pesquisa tem como objetivos específicos: i) identificar as variáveis que propiciam a seleção de uma ou de outra forma; ii) verificar a constituição do sintagma do possessivo de terceira pessoa; iii) analisar os dados levantados no corpus sob análise, considerando-se as possíveis aproximações ou os distanciamentos em relação ao que foi observado em corpora de outras sincronias da Língua Portuguesa. A pesquisa foi realizada numa perspectiva histórico-diacrônica. O corpus constitui-se de correspondências manuscritas por professores primários na Bahia, datadas do período compreendido entre as décadas de 50 e 90 do século XIX. A hipótese que norteou esta pesquisa foi a de que, considerando-se o período em estudo, os professores primários usariam, preferencialmente, a forma conservadora seu, expressando a norma culta escrita de então, embora pudessem também expressar-se com a forma inovadora dele, provavelmente já de uso frequente na fala. Para atender aos objetivos propostos, foram considerados aspectos sociohistóricos – as características das correspondências que constituíram o corpus, a padronização linguística no Brasil, a institucionalização do ensino público –, bem como aspectos sintático-semânticos e morfossintáticos que perpassam o fenômeno em estudo. A metodologia utilizada é a da Sociolinguística Variacionista. As variáveis linguísticas consideradas são de duas naturezas: 1) semântica – traços do referente [P3 ou P2], [+/-ambíguo], [+/-humano], [+/-definido], [+/-específico] e [+/-concreto]; e 2) morfossintática – presença no sintagma possessivo de artigo definido e de quanfificador indefinido e a posição das duas formas no sintagma do possessivo. As formas variáveis, objeto deste estudo, são também discutidas na perspectiva da mudança, considerando-se os princípios de Hopper (1897; 1991). As formas seu e dele encontram-se em camadas, porque variantes, tendendo, uma delas, à especialização para a terceira pessoa. Visualiza-se uma mudança no paradigma, quando se leva em conta também a especialização do seu para a segunda pessoa. Situando essas ocorrências no corpus em estudo, os resultados vêm demonstrar que, embora a maior frequência de uso para a terceira pessoa tenha sido da forma seu, identificaram-se ocorrências da forma dele, indicando as tendências para a especialização dessa última forma, nessa posição, conforme se expressa no português brasileiro contemporâneo. |