O corpo e o espaço na cotidianidade da dor: o apelo dos lugares

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Carvalho, Caê Garcia lattes
Orientador(a): Serpa, Angelo Szaniecki Perret lattes
Banca de defesa: Serpa, Angelo Szaniecki Perret lattes, Sousa, André Nunes de lattes, Holzer, Werther lattes, Zonzon, Christine Nicole lattes, Almeida, Milena Dórea de lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Geografia (POSGEO) 
Departamento: Instituto de Geociências
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/36036
Resumo: Nossa investigação se debruça sobre indivíduos com dores crônicas, sob o quadro de duas enfermidades, a artrite reumatoide e a fibromialgia: a primeira se afigura como uma afecção de base físico-orgânica, enquanto a segunda não apresenta em sua etiologia qualquer substrato orgânico e seu diagnóstico se dá simplesmente por exclusão de outras doenças, uma vez que não há exame clínico que possa apontar a prevalência da fibromialgia. Nesta afecção, como compreender a dor? Para nós ela é a significação existencial do “sem sentido do mundo”; e qual seria o destaque de um estudo geográfico da presente questão? Devemos dizer que, para compreender essa dor invisível, recorremos aos escritos freudianos, quando o sintoma emerge a partir das dinâmicas psíquicas inconscientes. Porém, a absolutização da dor tomando o corpo inteiro nos indica ainda algo mais: ela nos revela um aborto do desejo de ser – a nulificação do corpo pela dor reluz à nulificação pelo desejo de ser no mundo e esta é a ideia do “sem sentido do mundo”. É precisamente nesta esfera que uma análise geográfica se torna pertinente. Partimos da mútua constituição que impera entre sujeito e lugar, de sua cumplicidade de ser, como assinala Dardel. Mostraremos como o ser se articula em seu íntimo com o espaço, como esta relação entre sujeito e lugar baliza nosso modo de ser. A nossa tese é que se a dor crônica (principalmente nos casos de fibromialgia) é um minar da relação do ser no mundo e, ao mesmo tempo, o fruto do aborto do mundo pelo indivíduo anulado em seu desejo de ser, o experienciar tal ou qual lugar pode se constituir como ponto de báscula para um reenlace da relação entre sujeito e mundo. Se o espaço emerge como um elemento que se coaduna em nossa subjetividade na esteira da geograficidade – seguindo o fundamento fenomenológico da Geografia Humanista – a criação de novas experiências de mundo a partir dos lugares pode alcançar o âmago do ser, quero dizer, o desejo de ser, reascendê-lo. Na análise de nossos casos empíricos veremos o ser se recuperar das lamúrias da cronicidade da dor pelo lugar. De fato, é surpreendente.