Educação indígena e intercultural nas aldeias do Opará: uma sociedade de sujeitos silenciados

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Florêncio, Roberto Remígio lattes
Orientador(a): Abib, Pedro Rodolpho Jungers lattes
Banca de defesa: Abib, Pedro Rodolpho Jungers lattes, Macedo, Roberto Sidnei Alves lattes, Lins, Leonardo Diego lattes, Nogueira, Eliane Maria de Souza lattes, Nunes Neto, Francisco Antonio lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) 
Departamento: Faculdade de Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/35613
Resumo: Com o objetivo de empreender uma análise sobre aspectos da cultura e da educação indígenas no sertão pernambucano, a presente tese elabora, à luz dos estudos decoloniais, um aporte teórico-analítico sobre as línguas autóctones dos povos indígenas da Região de Abrangência do Opará (Rio São Francisco), em que são contemplados os seguintes temas: a relação dos povos com a Educação Escolar Indígena e a Lei 11.645/2008, que versa sobre o ensino das culturas indígenas nas aldeias; o silenciamento das línguas autóctones durante os séculos de dominação europeia; e a atual produção didático-científica empreendida pelos professores/professoras e pesquisadores/pesquisadoras indígenas, ligados às instituições locais, a partir de projetos e ações afirmativas, promovidos pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano, campus Floresta, e pelo Núcleo de Pesquisa Opará, da Universidade do Estado da Bahia, campus Paulo Afonso. As línguas indígenas são os sinais diacríticos das identidades étnicas brasileiras e a perda dessas línguas é usada como processo de negação das identidades indígenas, principalmente no Nordeste Brasileiro, região de maior preconceito sobre os nativos. Portanto, ao empreender uma pesquisa sobre as línguas ágrafas no contexto da ressignificação sociocultural empreendida pelas comunidades indígenas na região do Opará, objetiva-se analisar a expressão linguístico-cultural de povos indígenas locais, através dos elementos de resistência, hibridismo cultural e ressignificação, potencializados pela educação, na perspectiva da interculturalidade para a construção de uma epistemologia decolonial, anti-hegemônica e antirracista. Atendendo ao modelo multipaper, de capítulos independentes no formato de artigos, a pesquisa procura responder as lacunas sobre os seguintes temas: Educação Escolar Indígena e Interculturalidade, Línguas Autóctones da Região de Abrangência do Opará e a produção do conhecimento a partir da Pesquisa Científica dos Indígenas. Os estudos são contemplados pelos seguintes procedimentos metodológicos, respectivamente: Pesquisa Etnográfica, Revisão Sistemática Qualitativa e Análise Documental. Os procedimentos de Revisão Bibliográfica, presentes nos três artigos, foram contemplados por pesquisas em bancos de dados, repositórios, livros e outros registros públicos, e as análises empreendidas contemplam métodos da Análise do Discurso. Os resultados apontam para: a consolidação da Educação Escolar Indígena nas aldeias pesquisadas (povos Atikum, Pankará e Truká), em um processo de interculturalidade; a percepção da presença das línguas autóctones no consciente das comunidades, não como idiomas perdidos que precisam ser resgatados, mas como uma territorialidade imaterial das culturas indígenas; e o surgimento de uma corrente de estudos sobre os povos e as línguas autóctones produzida pelos próprios indígenas, consolidando-se através da produção didático científica, cujas premissas paradigmáticas aludem à desconstrução da hegemonia colonial, à descolonização dos saberes e à ressignificação sociocultural para os povos indígenas brasileiros.