Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Rodrigues, Diana Cris Macedo
![lattes](/bdtd/themes/bdtd/images/lattes.gif?_=1676566308) |
Orientador(a): |
Santos, Lígia da Silva Amparo
![lattes](/bdtd/themes/bdtd/images/lattes.gif?_=1676566308) |
Banca de defesa: |
Soares, Micheli Dantas
,
Trad, Leny Alves Bomfim
,
Kraemer, Fabiana Bom
,
Gracia Arnaiz, Maria Isabel
,
Santos, Lígia Amparo da Silva
![lattes](/bdtd/themes/bdtd/images/lattes.gif?_=1676566308) |
Tipo de documento: |
Tese
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
|
Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Alimentos, Nutrição e Saúde (PGNUT)
|
Departamento: |
Escola de Nutrição
|
País: |
Brasil
|
Palavras-chave em Português: |
|
Área do conhecimento CNPq: |
|
Link de acesso: |
https://repositorio.ufba.br/handle/ri/38198
|
Resumo: |
Os processos de revitalização das cidades, ancorados na potencialização dos fluxos da economia planetária, transformam seus espaços, suas relações sociais e sua distribuição de poder, deslegitimando os usos contra-hegemônicos dos espaços públicos. Assim, a venda de alimentos na rua por vendedores ambulantes sofre crescente marginalização e criminalização ante os modelos legitimados de cidade e alimentação, amparados que estão também pela hegemonia da Food Safety. Considerando este contexto, a pesquisa intentou aproximar-se do que pode a comida de rua quando destituída dos signos doados pelos estatutos científicos e estatais que a reduzem majoritariamente a uma comida sofrível, antiquada, suja, inferiorizada, desordeira, ilegalizada e de pobre para pobre. O estudo foi subsidiado pela estratégia metodológica da cartografia e teve como campo empírico as ruas do bairro Centro na cidade de Fortaleza-Ceará-Brasil. A pesquisa de campo foi realizada durante oito meses (abril-2018 a outubro-2018 e junho-2019 a agosto-2019). Nela, acompanhou-se o cotidiano de vendedores ambulantes e comedores da comida de rua informal e ilegal nos termos do Estado. O material empírico produzido derivou de conversas informais, gravações de áudios e anotações em diário de campo, entre outros artefatos. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal da Bahia. Enquanto o Projeto Fortaleza2040 avança com a espetacularização da cidade na lógica do consumo e os outros formatos de comercialização de comida de rua (street food, take away) se dispersam no tecido urbano, a comida de rua vendida informalmente resiste como a principal manifestação nas ruas do Centro. Aí, as ambulâncias da comida, as práticas e vivências alimentares fabricam configurações políticas que potencializam a acessibilidade alimentar, agregam diversidade na contingência, povoam as ruas de possibilidades alimentares, traçam histórias e conjugam no mosaico de interações, cheiros, imagens, gostos e barulho que perfazem a alquimia cotidiana do Centro, refúgio de uma Fortaleza que se faz a pé. A comida ambulante e seus compositores, apesar de suas condições de sem-terra ante os regimes de propriedade e urbanidade, experimentam e constroem artesanalmente o Centro como um mundo porvir onde “ninguém passa fome”. O Centro “onde ninguém passa fome” surge como um rasgo nos modos de subjetivação dominantes, sustido pelas inteligências grupais que o compõem, abre fendas nas capturas uníssonas do capital nas quais comida e cidade são mercadorias a potencializarem os lucros. Os vendedores ambulantes, com seus preços módicos, estabelecem bases outras de negociação, cooperação e distribuição nas ruas, provocando também adaptações e transformações na política alimentar do comércio formalizado do Centro. Ainda, disponibilizam aos comedores uma variedade de alimentos básicos ou menos processados, promovendo práticas alimentares tradicionais e regionais, constituindo uma importante estratégia popular de promoção da segurança alimentar e nutricional, a despeito da hegemonia da Food Safety no manejo estatal do fenômeno. Nesse cenário, a fome pode ser referida como uma produção desejante, memória e necessidade latente que produz realidades, coloca a comida na rua e produz territórios urbanos com maior acessibilidade alimentar na cidade. Palavras-chave: comida de rua, segurança alimentar e nutricional, fome, cartografia. |