Resumo: |
INTRODUÇÃO: A leucemia mieloide aguda (LMA) se caracteriza pelo crescimento descontrolado de blastos imaturos na medula óssea e corresponde a um dos tipos de cânceres mais frequentes no mundo. A taxa de sobrevivência relativa de 5 anos é relativamente baixa e a maioria dos pacientes acabam apresentando recidiva. Acredita-se que um dos principais fatores responsáveis pela baixa taxa de remissão completa da doença esteja associado às células tronco leucêmicas (CTL). Estudos sugerem que a LMA é originada e mantida por essa população de CTLs. A via de sinalização NF-κB, atua na progressão do câncer após a formação tumoral sendo constitutivamente ativa nas CTLs e por essa razão se torna um importante alvo terapêutico. Nesse contexto, o bortezomibe (BTZ) já é descrito como um potente inibidor da via NF-κB e vem sendo estudado para o tratamento de algumas doenças hematológicas. OBJETIVO: Avaliar o potencial antileucêmico do BTZ como estratégia terapêutica para eliminar CTLs de LMA humana em modelo in vitro e in vivo. METODOLOGIA: A citotoxicidade do BTZ foi testada em um painel de linhagens cancerosas e não cancerosas. As CTLs foram identificadas utilizando os anticorpos CD34, CD38, CD133, CD13 e CD123. A linhagem KG-1a foi utilizada para realização dos ensaios de mecanismo de ação do BTZ a fim de avaliar a viabilidade através da análise do ciclo celular, detecção de morte celular por apoptose, avaliação do potencial transmembrânico mitocondrial e produção de espécies reativas de oxigênio (ERO) pela técnica de citometria de fluxo. Análises da expressão gênica e de vias de sinalização associadas ao câncer através de qPCR em células tratadas com o BTZ também foram realizadas, além de ensaios para avaliação antitumoral em modelo in vivo. RESULTADOS: O BTZ foi citotóxico para diferentes linhagens testadas com valores de CI50 que variaram de 0,01 e 1,83 µM para células de melanoma A375 e linhas celulares SCC-9 de carcinoma espinocelular oral, respectivamente. Em células de malignidades hematológicas, BTZ apresentou valores de IC50 variando de 0,05 a 0,33 µM para linhagens celulares de leucemia linfóide de células T Jurkat e leucemia monocítica THP-1, respectivamente. Além disso, o BTZ reduziu a população de CTLs viáveis, induziu morte celular apoptótica, aumentou a expressão de caspase-3 ativa e PARP-1 clivada, induziu alterações no potencial transmembrânico mitocondrial, aumentou os níveis de ERO, induziu fragmentação do DNA em células KG-1a e alterou a expressão gênica de células KG-1a, além de inibir o crescimento de células KG-1a em modelo in vivo. CONCLUSÃO: A atividade antileucêmica desempenhada pelo BTZ surge como um novo caminho promissor para o tratamento de LMA, tendo como alvo principal as CTLs. |
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