Sedimentologia, estratigrafia e geoquímica dos fosforitos e ironstones fosfáticos do devoniano inferior/médio da Bacia do Parnaíba

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Abram, Maisa Bastos
Orientador(a): Holz, Michael
Banca de defesa: Silva, Cleide Regina Moura da, Bergamaschi, Sérgio, Dominguez, Jose Maria Landim, Misi, Aroldo
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Instituto de Geociências
Programa de Pós-Graduação: em Geologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/33275
Resumo: O Devoniano é um período de mudanças climáticas significativas e mares epicontinentais, apresentando sucessões fosfáticas, mas com pouca importância econômica, como na porção noroeste do Gondwana no Brasil. O objetivo deste trabalho é aprofundar o conhecimento sobre esta temática, estabelecendo modelos fosfogenéticos e implicações acerca da evolução do planeta e potencial mineral. Investigamos as sucessões ricas em fosforito e ironstones fosfáticos entre os intervalos do Praguiano ao Givetiano da Bacia do Parnaíba, Grupo Canindé, formações Itaim e Pimenteira. Este estudo envolveu análise de estratigrafia de sequências integrada com a caracterização paleoambiental, estudos diagenéticos (DRX, MEV e microssonda), litoquímicos (elementos maiores e traços em rocha total, COT / S total, padrões TRY), mineraloquímicos e isotópicos em sideritas e francolitas (δC13, δO18) das sucessões bioelementais. Quatro sequências deposicionais e 19 parasequências foram definidas, relacionadas a ambiente marinho raso, tipo plataforma influenciada e dominado por ondas e também trends progradacionais fluvio-deltaicos. Fosforitos se relacionam a zonas condensadas associadas às superficies de inundação máxima do Eifeliano tardio e do Givetiano. Foram formados próximo ao limite de base de ondas por tempestade, em associações autigênicas francolita-siderita e francolita-glauconita. Ironstones foram observados em intervalos episódicos do Praguiano-Emsiano ao Givetiano, caracterizados por ferrosilicatos (odinite, chamosite/clinochlore) e cutículas de francolita formando coated grains, pirita, Mg sideritas, além de sideritas mais puras, precipitadas numa fase mais tardia. Ironstones associam-se à regressão normal em tratos de sistemas de nível alto e nível baixo. Em geral, quatro estágios de evolução foram descritos: detrítico, autigênico+retrabalhado, soterramento raso e intemperismo. Mo, razões V/Cr e V/(V+Ni), além de variações em enxofre total e COT indicam para os intervalos ricos em ironstones fosfáticos variações de condições subóxicas a anóxicas, com pouco H2S dissolvido. Destacam-se padrões enriquecidos em TR medianas característicos de condições eodiagenéticas de subóxicas a anóxicas e também comuns para o Devoniano. Dados isotópicos para as sideritas (δO18 -12,0 a 2,5 e δC13 -21,5 a -0,8) foram agrupados em clusters, interpretados como relacionados à zonas de degradação sulfato-redutoras e ferro oxi-redutoras. Variações em δO18 ressaltaram as possíveis variações de salinidade/temperatura nas fases mais tardias de precipitação. Para as francolitas, os valores isotópicos estiveram mais agrupados (δO18 -14,1‰ a -4,6‰ e δC13 -2.9‰ a -8.1‰), refletindo padrões de intemperismo, embora valores de δC13 coincidem com fosforitos relacionados à zonas de upwelling. Águas óxicas preponderaram e episódicos fenômenos de upwelling são interpretados como fontes de Fe-Si-P em uma plataforma distal a mediana. Fontes continentais adicionais de nutrientes e ferro são também consideradas. A estratificação da coluna d’água não foi uma feição estável, estando periodicamente submetida a variações devido a ventilação por ação de tempestades e descargas fluviais, refletindo contribuições marinhas e terrígenas, aumento da produtividade e processos de degradação microbiana. As descargas fluviais com grande contribuição de matéria orgânica terrígena associada aos processos de upwelling devem ter contribuído para a expansão dos processos de anoxia que, por sua vez, inibiram a eficiência na precipitação de P, implicando em baixo potencial econômico dos depósitos devonianos. As TR constituem bem mineral com importância econômica.