"Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é": o performativo curricular - na análise de torpedo um vídeo do Kit Escola sem homofobia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Dantas, Maria da Conceição Carvalho
Orientador(a): Bordas, Miguel Angel García
Banca de defesa: Pimentel, Álamo, Guizzo, Camila de Souza Pereira, Thürler, Djalma, Silva, Maria Cecilia de Paula, Silva, Renato Izidoro da
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Educação
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Educação
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/15300
Resumo: RESUMO O objetivo deste trabalho é a análise da ausência do beijo, que revela o namoro entre duas alunas lésbicas em “Torpedo”, um dos materiais didáticos que compõem o “Kit Escola sem Homofobia” baseando-se na premissa teórica dos Estudos Culturais e também com foco no “perfomativo curricular” que relaciona os conceitos de currículo e performatividade de gênero propostas por Butler, que entende gênero como performativo, por não ser, nem uma afirmação e nem uma negação, mas práticas discursivas que produzem aquilo que nomeiam, por criar verdades, através de repetições de atos, ações que apresentem alguma equivalência com as estruturas sociais e culturais em que o sujeito está inserido. Embora em “Torpedo” seja abordada a relação afetiva entre as alunas, a não representação cultural de pessoas não heterossexuais na escola, nos currículos, nos materiais didáticos, na lógica heteronormativa, tornam estes sujeitos abjetos, pois negam outras formas de sentir afeto, desejo, prazer, valorizando a heterossexualidade como a única forma possível e aceitável de viver a sexualidade, contemplada nos discursos de prestígios dos mesmos currículos, livros didáticos, mídia. O vídeo acaba construindo uma narrativa que o modelo heterossexual é o único desejável e valioso. O material também foi apresentado para um grupo de professoras de uma escola pública estadual de Salvador, que analisou a história, mediante aplicação de instrumento de avaliação com a seguinte questão: o que mudaria na história ? Embora as professoras tenham registrado contribuições, nenhuma delas sugeriu um final diferente com um beijo apaixonado entre as personagens principais, reiterando, assim, o caráter hegemônico dos padrões tradicionais, heteronormativos, na ausência de representações não heterossexuais na escola e na mídia. Também foi analisado o Caderno por expor a proposta conceitual e metodológica do Kit, considerada a peça mais importante e fundamental do documento porque visa oferecer instrumentos pedagógicos para abordar as questões relativas à orientação sexual e identidade de gênero, trazendo a homofobia como uma questão central para ser problematizada nas escolas. A análise foi realizada a partir de critérios básicos, para avaliação do livro didático, propostos pelo MEC (Ministério da Educação e Cultura) para o PNLD (Programa Nacional do Livro Didático) com isenção de preconceito, tanto de origem, etnia, gênero, religião, idade ou outras formas de discriminação. Dados e políticas relacionadas com a homofobia no país e as escolas também são apresentadas para revelar o contexto social em que o material educativo foi criado. Nas considerações finais, verificamos que as exigências do MEC estão contempladas no Caderno. Dessa forma, torna-se necessária uma reforma curricular, que abranja além da educação básica, as universidades e, sobretudo os cursos de licenciatura, capacitando o professor para trabalhar, para repensar as estruturas vigentes, as identidades hegemônicas heterossexuais ou não, desnaturalizando estas verdades conhecidas como absolutas para construção de uma escola mais justa, menos homofóbica, capaz de representar, atender, servir a todos e todas. Palavras-chave: Kit Escola sem Homofobia. Currículo. Performativo Curricular. Performatividade de Gênero. Homossexualidade-Heterossexualidade. Teoria Queer.