Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2016 |
Autor(a) principal: |
Silva, Ivo Falcão da |
Orientador(a): |
Telles, Lígia Guimarães |
Banca de defesa: |
Fonseca, Aleilton Santana da,
Guimarães, Kalina naro,
Herrera, Antonia Torreão,
Ornellas, Sandro Santos |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Instituto de Letras
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Literatura e Cultura
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/26448
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Resumo: |
A presente tese – “Caligrafias alquímicas: corpo e transmutação na lírica de Maria Lúcia Dal Farra” – tem como hipótese central de trabalho que a produção literária de Dal Farra (1994/2012), professora, crítica, teórica e poetisa, apresenta como elemento motriz da sua escrita os princípios da transmutação. Atravessando os pressupostos da transformação por diferentes vias, investigamos os três livros de poesias publicados até então pela escritora: Livro de Auras (1994); Livro de Possuídos (2002) e Alumbramentos (2012). Desta análise, seccionamos o nosso trabalho em quatro partes (ou quatro capítulos) com o objetivo de construir o nosso estudo. No primeiro deles – “A alquimia do corpo” – apostamos que a primeira instância que se posiciona como estando predisposta à transformação é o corpo da escritora. Sempre se apresentado ao público com indumentária roxa, acreditamos que esse retrato corporal desemboca em um aspecto caro à estética dalfarreana: o esoterismo. Ao se trajar dessa maneira, a autora põe em xeque os corpos de feiticeiras, quiromancistas e mulheres que sempre estiveram em situação de reclusão na sociedade. Por fim, o corpo assim trajado, em conformidade com a nossa leitura, coloca-se em estado reivindicatório de liberdade. No segundo momento da tese, “A alquimia das letras”, verificamos como o processo de transformação incide nos escritores da tradição literária ocidental na poesia de Dal Farra. Um conjunto de escritores é incorporado em seu texto, seja de modo mais explícito ou sub-reptício, buscando, por meio do uso das expressões literárias desses autores, confrontá-los, reverenciá-los e, principalmente, recriá-los em sua letra. Para isso, nomes de escritores como Anne Sexton, Mariana Alcoforado, Lorca e Rilke são mobilizados no texto dalfarreano para que entrem em estado de transmutação, haja vista que a escrita criativa de Dal Farra usa-os de modo reconfigurado. Já no terceiro capítulo da tese, “A alquimia do olhar”, investimos em verificar como o olhar da escritora se mostra dotado de forte potência transformadora. Sob esse objetivo, de início, trazemos várias expressões da crítica literária que comumente retrata a escritora como detentora de um olhar diferencial, apurado e sensível. Apostamos que esse olhar é responsável pelo processo de leitura poética recriadora de uma série de telas de pinturas de artistas como: Van Gogh, Salvador Dali, Gustav Klimt e Max Ernst. Os textos pictóricos são apropriados pela escritora para que ela construa seus próprios textos poéticos, mas eles são inseridos no texto sob o signo da mudança. O mesmo acontece com a série de tapeçarias “La dame à la licorne”, alocada no Museu de Cluny, em Paris, e sem autoria determinada. Ao se colocar como leitora dessas peças tapeçais, Dal Farra mais uma vez investe fortemente em utilizar elementos da alquimia e do esoterismo na construção do próprio texto, denunciando, portanto, a proeminência dos procedimentos alquímicos transmutacionais da escrita poética dela. Partindo para o último capítulo da tese, “A alquimia dalfarreana”, mostramos neste momento quais as especificidades que existem na produção de Dal farra que nos fazem validar a hipótese de “uma poética da transmutação”. Nesta seção apresentamos como a problematização da alquimia, transformação e metamorfose não se faz presente somente na escrita poética dalfarreana, mas atravessa outros campos de atuação da autora, tais como: a crítica, as entrevistas e os depoimentos. Por meio da verve teórico-crítica de Dal Farra, escritoras como Florbela Espanca e Gilka Machado tiveram a possibilidade de ter seus nomes revistos no cenário da crítica literária, sendo transformadas, portanto. Além disso, parece-nos que essa série de transformações que se fazem presentes na literatura dalfarreana desemboca num desejo utópico de renascimento e recriação de um “mundo novo”, fundamentado em paradigmas humanistas. Com isso, a tese se pauta em mostrar uma leitura da produção da escritora em diálogo com teóricos como Jacques Derrida, Deleuze, Giorgio Agamben e Georges Didi-Huberman (dentre outros), com a finalidade de trazer uma possível clave de leitura para a estética da autora. |