A queixa escolar sob olhar do fonoaudiólogo.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Botelho, Bárbara Aparecido
Orientador(a): Oliveira, Elaine Cristina de
Banca de defesa: Oliveira, Elaine Cristina de, Viégas, Lygia de Souza, Masini, Maria Lúcia Hage
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Educação
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós graduação em Educação
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/26712
Resumo: A educação brasileira, inserida em um sistema capitalista injusto, tem sua trajetória marcada por um ensino precário e excludente preocupado em padronizar o processo de aprendizagem, e, como consequência, produziu fracasso escolar. Aos alunos vítimas do fracasso foi atribuída a responsabilização por seu insucesso, decorrente de uma deficiência biológica. Diversos diagnósticos e justificativas médicas foram atribuídas ao fracasso escolar transformando uma questão de cunho social político e histórico em processos orgânicos. Esse fracasso no processo escolar atrelado aos diferentes diagnósticos e a complexa rede de relações entre os atores desse processo: o aluno, a família e a escola, vem adentrando os consultórios fonoaudiológicos com a denominação de queixa escolar. Este estudo teve como objetivo analisar como os fonoaudiólogos compreendem e definem sua atuação clínica com crianças e jovens que apresentam queixas escolares. Foi realizada uma entrevista semiestruturada com seis fonoaudiólogas que atendem crianças/jovens que apresentam queixas escolares nos serviços públicos e privados da cidade de Salvador/BA. Após a entrevista, os dados foram transcritos, organizados, selecionados e categorizados tendo por base os objetivos propostos neste estudo e o referencial teórico baseado em estudos sobre queixa escolar, fracasso escolar, fonoaudiologia e medicalização. Para a análise dos dados qualitativos foi utilizada a técnica de análise do conteúdo. Os resultados foram divididos em duas categorias semânticas principais: A) Como o fonoaudiólogo compreende a Queixa Escolar e B) Como o fonoaudiólogo atua sobre a Queixa Escolar. As entrevistadas eram todas mulheres, com idades entre vinte e seis e trinta e um anos, atuantes no setor público e privado da cidade de Salvador/BA. As falas das entrevistadas trouxeram posicionamentos distintos quanto a compreensão e atuação com a queixa escolar. Os relatos tinham como base a criança/jovem, a família e a escola e a atuação das entrevistadas junto a esses atores. As falas apontaram questões como a precarização do sistema educacional, a desvalorização do professor, a patologização do processo de aprendizagem, os empecilhos da relação entre profissionais da saúde e educação, subestimação do papel da família na clínica fonoaudiológica, o rompimento com a clínica hegemônica biomédica e individualização dos profissionais da saúde. Questões que foram apresentadas pelo olhar medicalizante e não medicalizante das entrevistadas oscilando a cada ponto discutido, deixando evidente que há uma inconstância na posição ideológica das profissionais em sua compreensão e atuação com a queixa escolar, provocada pela tentativa de ruptura dessas profissionais com a clínica biomédica no entanto, ainda somos capturados pelo sistema capitalista repressor, havendo a necessidade de um movimento de resistência e ruptura constante até que as falas e as experiências partam do mesmo ponto de partida. Conclui-se que é necessário ampliar o debate sobre a queixa escolar e medicalização da educação nos espaços em que a Fonoaudiologia está inserida.