Ministério Público: a caneta que puxa o gatilho – os homicídios decorrentes de oposição à intervenção policial e o caso Cláudia Silva Ferreira

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Leal, Camila Garcez
Orientador(a): Flauzina, Ana Luiza Pinheiro
Banca de defesa: Flauzina, Ana Luiza Pinheiro, Dutra, Renata Queiroz, Pires, Thula Rafaela de Oliveira
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Direito
Programa de Pós-Graduação: Programa de pós-graduação em Direito
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/33348
Resumo: Esta pesquisa visa analisar a função do Ministério Público no processamento dos crimes de homicídios decorrentes de oposição à intervenção policial. A analogia entre a arma e a caneta pretende evidenciar que a atuação do Parquet é tendenciosa nos casos em que os agentes do Estado figuram como autores do fato e as mulheres negras aparecem na qualidade de vítimas. Para evidenciar esse fato, busco examinar a ação penal referente ao homicídio de Cláudia Silva Ferreira, mulher negra, atingida por um tiro de fuzil, disparado por policiais militares do 9º Batalhão Policial Militar do Rio de Janeiro, no Morro do Congonha, em Madureira no ano de 2014. Cláudia foi arrastada por mais de 350 metros, presa ao reboque da viatura. Esse episódio desumanizador, associado diretamente ao racismo antinegro presente nas representações sociais das pessoas negras, concedeu à mídia o poder de substituir o nome de Cláudia pela alcunha de a mulher arrastada. Para o exame da ação penal, utilizei o método de investigação de pesquisa documental, com perspectiva analítica e abordagem qualitativa. Parto da hipótese de que o Ministério Público chancela esses homicídios e permanece blindado na missão constitucional de controle externo da atividade policial. Além disto, o discurso de guerra às drogas, também chancelado pelo Ministério Público, tem concedido o aval para o uso da força letal contra os corpos negros. Os objetivos são a) revelar que há um silenciamento instaurado no sistema penal sobre as execuções das mulheres negras; b) demonstrar que a liberdade da polícia em definir o destino das pessoas negras está amparada pelo licenciamento concedido pelo Ministério Público e ratificado por juízes e defensores; c) desvendar o ponto de interseção entre o modelo jurídico adotado pelo Estado Brasileiro e o genocídio da população negra. Os conceitos de racismo antinegro, necropolítica espacial e genocídio orientam esta encruzilhada processual.