Processo de trabalho das equipes de saúde bucal da Atenção Primária à Saúde na pandemia da Covid-19 em uma capital do Nordeste.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Caldas, Adriele Souza lattes
Orientador(a): Barros, Sandra Garrido de
Banca de defesa: Vilasbôas, Ana Luiza Queiroz, Chaves, Sônia Cristina Lima, Rossi, Thaís Regis Aranha
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC-ISC)
Departamento: Instituto de Saúde Coletiva - ISC
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/40068
Resumo: Foi realizado um estudo de caso sobre o processo de trabalho das equipes de saúde bucal da Atenção Primária à Saúde (eSB/APS) no contexto da pandemia da covid-19 em uma capital do nordeste brasileiro. O estudo foi dividido em dois artigos. O primeiro, com título ‘Covid-19 e modelo de atenção à saúde bucal no Brasil’, buscou identificar as estratégias propostas para atuação das eSB/APS pelos níveis federal, estadual e municipal antes e durante a pandemia de covid-19. O segundo, intitulado ‘A pandemia da covid-19 e o processo de trabalho da equipe de saúde bucal na atenção primária à saúde em uma capital do nordeste’, analisou a (re)organização do processo de trabalho das eSB/APS na pandemia da covid-19 em um município baiano; sua inserção no processo de trabalho da equipe interdisciplinar; o perfil profissional dos agentes envolvidos e as práticas adotadas. Para alcançar os objetivos foram realizados análise documental sobre o processo de trabalho da saúde bucal na Atenção Primária à Saúde antes e durante da suspensão dos atendimentos eletivos na pandemia da covid-19; aplicação de questionário estruturado autoaplicável, e realização de entrevistas semiestruturadas com cirurgiões-dentistas da APS selecionados e da gestão municipal, no período de setembro de 2022 a janeiro de 2023. Foram identificados 5 documentos que orientaram as práticas de saúde bucal na Atenção Primária à Saúde antes da pandemia e 21 após o início da pandemia. Participaram do estudo 46 cirurgiões-dentistas da APS e 1 da coordenação de saúde bucal. Com relação aos dentistas participantes do estudo, a maioria tinha entre 20 a 25 anos de formados, especialização, atuava no município há 10 anos e era composta por servidores públicos estatutários. As ações, atividades e procedimentos preconizados antes da pandemia buscavam induzir a implementação de um modelo de atenção à saúde alternativo, mais centrado no usuário e suas necessidades. De acordo com os questionários e entrevistas, o processo de trabalho envolvia a realização de procedimentos clínicos, assim como de promoção e prevenção, de maneira mais equânime. Entretanto, durante a suspensão dos atendimentos eletivos, o foco foi a realização das ações para o enfrentamento à pandemia de covid-19, dentro e fora das unidades de saúde. As ações de assistência foram reduzidas a consultas de urgências, entretanto, a teleodontologia entrou no rol da APS. Com o retorno dos atendimentos eletivos, houve um aumento expressivos dos procedimentos curativos, enquanto as ações coletivas de promoção e prevenção, foram retomadas em menor volume que antes da pandemia, em ritmo mais lento e não induzido pelos documentos norteadores. Apesar de ter sido identificada uma prática de saúde que buscava dialogar com distintos modelos de atenção à saúde antes da pandemia, após o retorno dos atendimentos eletivos, prevaleceu a reprodução do modelo assistencial privatista (odontologia de mercado), com maior ênfase em procedimentos curativos. Foi possível observar que a construção das práticas profissionais antes da pandemia convergia para um modelo de atenção à saúde voltado para a resolução de problemas e as necessidades de saúde da população e já no período da pandemia da covid-19 houve mudanças na prática assistencial, havendo poucos indícios quanto às ações de promoção da saúde e prevenção de doenças bucais. Nesse sentido, a organização do processo de trabalho da eSB/APS vem se distanciando do preconizado pela política nacional de saúde bucal e outras diretrizes da atenção primária à saúde no Brasil.