Literatura russa e desencantamento do mundo: estudos de Max Weber, Dostoiévski e Tolstói

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Silva, Marcelo Souto da
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/5459841935431739
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Amazonas
Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Sociais
Brasil
UFAM
Programa de Pós-graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/6581
Resumo: A presente tese busca revelar os pontos de contato da produção intelectual de Max Weber, especialmente no que concerne ao conceito de desencantamento do mundo e as obras selecionadas de Dostoiévski e Tolstói. Todo o método construído para encaminhar a análise relacional está fundamentado no equilíbrio entre texto e contexto. O reconhecimento dos debates em andamento no campo intelectual russo, em permanente contato com o ocidental, bem como elementos biográficos e técnicos dos autores e de suas obras constituem os caminhos da análise. Weber se tornou, ao mesmo tempo, objeto de estudo e método. Seus próprios conceitos foram trazidos para o centro da análise, possibilitando a interpretação e compreensão das condutas individuais de autores e personagens literários, com vistas a extrair seus significados sociológicos. No primeiro momento da análise, aquele relativo ao desencantamento do mundo pela ciência e pela técnica, A Morte de Ivan Ilitch revelou-se uma das representações literárias mais contundentes dos efeitos diagnosticados por Weber deste processo. O Sonho de um homem ridículo demonstrou ser resultante de intenso debate na Rússia entre eslavófilos e ocidentalistas. Dostoiévski promove, na narrativa, um convite à resistência da Rússia quanto ao avanço da ciência ocidental com seu devastador processo de desencantamento do mundo. No segundo momento da análise, o desencantamento do mundo em sua acepção religiosa, enquanto desmagificação pela religião dos meios de salvação revelou que tanto Os Irmãos Karamázov quanto Ressurreição demonstram uma base sócio-histórica russa radicalmente diferente daquela diagnosticada por Weber no ocidente. Pelo lado ocidental, uma racionalização da conduta de vida em busca da salvação, de caráter ascético intramundano que foi desaguar no individualismo exclusivista e capitalista eminentemente competitivo. Pelo lado russo, uma racionalização que não seguiu os graus extremos ocidentais e permaneceu, por isso, em suas bases cristãs místico-contemplativas ou ascéticoextramundanas, em todo caso fomentadoras de uma visão comunitária de amor fraternal universalista que contrastam a olhos vistos com a ética capitalista. Os conflitos da modernidade e os efeitos do processo de desencantamento do mundo, a se revelarem nas produções dos autores analisados legaram ao mundo o mais impressionante diagnóstico que temos notícia dos rumos que a humanidade tomou, a partir da modernidade (em Weber), e dos caminhos possíveis à nossa história, para os quais a Rússia deixa instigantes pistas sob a pena de Tolstói e Dostoiévski.