Entre “Banzeiros”: sofrimentos e resistências de mulheres amazônidas migrantes durante a trajetória de escolarização do Ensino Superior.
Ano de defesa: | 2024 |
---|---|
Autor(a) principal: | |
Outros Autores: | , |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Amazonas
Faculdade de Psicologia Brasil UFAM Programa de Pós-graduação em Psicologia |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/10610 |
Resumo: | As mulheres na Amazônia, historicamente, enfrentam processos de exclusão e silenciamento, os quais são agravados pelo isolamento geográfico. Além disso, a sobrecarga de trabalho e a falta de remuneração dificultam o acesso à educação, a conclusão dos estudos e a empregabilidade, somados às violências de gênero e subordinações que afetam as realidades das mulheres amazônidas. A ótica interseccional, assim, é fundamental para considerar o contexto territorial, abarcando, também, questões relacionadas com marcadores sociais outros, tais como gênero, raça e classe, o que possibilita, consequentemente, amplificar as vozes de populações que no decorrer da História foram silenciadas e oprimidas. Esta pesquisa, portanto, analisa os impactos do sofrimento psíquico e ético-político em mulheres amazônidas reterritorializadas e racializadas, que migraram de comunidades rurais, quilombolas e indígenas para cursar o Ensino Superior no Amazonas. Aqui, entende-se como reterritorializadas pela necessidade que essas mulheres tiveram de se deslocar dos seus territórios de origem para um território outro, urbano; e como racializadas por não serem brancas, tendo, portanto, a questão da cor como marcador social importantes em suas vivências, especialmente quando se considera a entrada no mundo acadêmico, predominantemente branco. Partindo de uma perspectiva interseccional, vale-se do conceito de corpo-território, para o qual há uma relação indissolúvel entre corpos, histórias e terra, e enfatiza a criação de espaços de resistência e valorização de saberes ancestrais. Para tanto, este trabalho se pauta em uma pesquisa qualitativa, exploratória e descritiva, utilizando as narrativas das mulheres amazônidas racializadas e reterritorializadas para compreender de qual forma os impactos do sofrimento psíquico e ético-político foram experienciados nas suas trajetórias de escolarização no ensino superior. As narrativas se referem, sobretudo, aos ciclos de violência geracionais, abuso sexual, dificuldades econômicas, enfraquecimento de laços familiares, insegurança alimentar e habitacional. Tais obstáculos, somados à transição para o ensino superior em tempos de pandemia, configuram um panorama complexo e desafiador. Diante desse cenário que é delineado, emerge a necessidade de políticas públicas que transcendam o acesso a educação, e que promovam a permanência, o cuidado com a saúde mental e o enfrentamento às desigualdades estruturais, como as violências de gênero às quais as mulheres estão sujeitas e o racismo epistêmico. Por isso, as políticas socioassistenciais, os projetos de extensão, intercâmbio, além dos vínculos entre as professoras, colegas, coletivos feministas, e a conexão com a florestalidade amazônica mostram-se peças fundamentais para a permanência e a promoção da saúde integral. Defende-se, enfim, uma abordagem ecofeminista e decolonial para transformar as realidades amazônidas, unindo justiça social e ambiental, além do reconhecimento das vozes dessas mulheres como agentes de transformação e resistência. |