Efeitos do alagamento sazonal em assembleias de Formigas (Hymenoptera: Formicidae) nas florestas de Terra-firme, Igapó e Várzea na Amazônia Central

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Guindani, Aline Nobre
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/8185196839497701
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Amazonas
Instituto de Ciências Biológicas
Brasil
UFAM
Programa de Pós-graduação em Zoologia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/9573
Resumo: A Amazônia é a maior floresta tropical do planeta, cobrindo mais de 750.000 Km² e possuindo aproximadamente 82% de floresta de terra-firme e 17% de florestas periodicamente inundadas, como florestas de igapó e várzea. A floresta de igapó é sazonalmente inundada por águas pretas, muito ácidas, pobres em nutrientes e ricas em ácidos húmicos. A floresta de várzea é sazonalmente inundada por águas brancas, derivadas de rios com a nascente na cordilheira dos Andes, e transportam grande quantidade de sedimentos. O fenômeno de inundação sazonal pode ser considerado como perturbação natural e cíclica para muitos organismos que vivem em florestas alagadas, como as formigas. O alagamento promove a diminuição do habitat disponível, aumentando a densidade de indivíduos e a competição por recursos. Nosso objetivo foi investigar o efeito do alagamento periódico na estrutura taxonômica e funcional de formigas no estrato terrestre e arbóreo, usando florestas de terra-firme como controle. Foram feitas coletas de formigas no estrato terrestre e arbóreo em 3 transectos de 2 km, com 10 pontos de amostragem em cada tipo florestal de terra-firme (não alagável), várzea e igapó (alagáveis), na região do Lago Uauaçú, próximo à confluência do Rio Solimões e Rio Purús, na Amazônia central, Brasil. No estrato terrestre utilizamos 6 pitfalls de solo (3 sem isca e 3 com isca de fezes) no período de seca e no estrato arbóreo utilizamos guarda-chuva entomológico (50 árvores do sub-bosque por transecto) no período de seca e cheia. Registramos 6.903 formigas divididas em 7 subfamílias, 35 gêneros e 129 espécies/morfoespécies. O número de espécies de formigas so estrato terrestre amostradas na terra-firme foi maior quando comparado com a várzea e o igapó. No estrato arbóreo, o número de espécies de formigas foi maior no período de cheia comparado a seca, e a floresta de várzea apresentou maior riqueza de formigas. A composição de formigas da terra-firme foi diferente de várzea e igapó no estrato terrestre e arbóreo na seca e cheia. Através da classificação dos grupos funcionas, verificamos que houve um aumento significativo do grupo funcional predadora arborícola no estrato arbóreo da cheia, quando comparado com a seca. As formigas que forrageiam e nidificam no estrato terrestre foram prejudicadas durante o período de inundação. Já as formigas onívoras generalistas e onívoras arborícolas parecem se favorecer durante o período de cheia. Nossos resultados sugerem uma resposta complexa da mirmecofauna, principalmente terrícola. Dado que o igapó e principalmente as várzeas estão entre os ecossistemas mais ameaçados nas florestas tropicais, entender a relação entre a diversidade de formigas e o pulso de inundação natural tem importantes implicações para a conservação. Além disso, como as formigas são frequentemente reconhecidas como um grupo fundamental, a modificação humana da estrutura da floresta pode levar a mudanças na diversidade da assembleia de formigas que podem afetar muitos outros elementos do ecossistema.