Análise psicodinâmica do trabalho no tribunal de justiça do Amazonas: uma aplicação da clínica do trabalho e da ação.
Ano de defesa: | 2011 |
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Autor(a) principal: | |
Outros Autores: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Amazonas
Faculdade de Psicologia BR UFAM Programa de Pós-graduação em Psicologia |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://tede.ufam.edu.br/handle/tede/2845 |
Resumo: | Esta pesquisa teve o propósito de compreender a psicodinâmica do trabalho nas varas criminais do Tribunal de Justiça do Amazonas, analisando a organização do trabalho, as vivências de prazer-sofrimento, as estratégias defensivas e de mobilização subjetiva, e as formas de adoecimento, com o objetivo de propor intervenções que contribuam para a promoção de saúde neste espaço de trabalho. O referencial teórico-metodológico foi a Psicodinâmica do Trabalho, tendo sido aplicada a clínica do trabalho e da ação preconizada por Christophe Dejours. Nesta perspectiva o espaço coletivo da fala e da escuta é aspecto central para a coleta e interpretação dos dados. A clínica do trabalho seguiu as seguintes etapas: pré-pesquisa; pesquisa propriamente dita que abrange os momentos da análise da demanda, análise do material de pesquisa, observação clínica e interpretação; e a validação. O estudo mostrou que a organização do trabalho no Judiciário amazonense tem estrutura herdada das relações coloniais de trabalho, com divisão de trabalho marcada entre aqueles que pensam e os que executam, e sobrecarga de atividades. A diferença entre o trabalho prescrito e real é evidenciado pela grande quantidade de procedimentos (leis) a cumprir em detrimento da insuficiência de recursos e do volume de processos judiciais. As relações de trabalho apresentam traços do favoritismo, que ora beneficia os servidores, ora os prejudica. As vivências de prazer-sofrimento são expressas, de um lado, pelo mal-estar relacionado ao sentimento de injustiça derivado da desigual gestão do trabalho, à responsabilidade atribuída aos trabalhadores pelo insatisfatório atendimento ao público, à sensação de impotência, e de outro lado, pelo bem-estar decorrente do contato direto com a população, o que desperta nos servidores a sensação de contribuição social. Como estratégia de mobilização subjetiva foi identificada a empatia mobilizada pelos trabalhadores para compreender a situação dos réus presos, cujos processos dependem de algum procedimento realizado em seus cartórios. As estratégias de defesas são: a racionalização ligada à ideia de que no serviço público as evoluções dependem de esferas e decisões superiores e que por isso as possibilidades de transformação da organização do trabalho são mínimas; as fofocas, que tem o propósito de aliviar o sofrimento gerado pelo enfrentamento das insatisfatórias condições de trabalho; as ameaças aos chefes ou colegas de trabalho como um modo de se defender da culpa que lhes são atribuídas como consequências da lentidão do Judiciário; e o isolamento. Observou-se que a falta de cooperação entre os trabalhadores e de reconhecimento por parte da instituição dificulta a transformação do sofrimento e se constitui como um risco de adoecimento. A experiência da clínica do trabalho se mostrou positiva, servindo como modelo para a pesquisa e atuação profissional em Psicodinâmica do Trabalho. |