Discursos de mulheres idosas que sofreram violência familiar e são alunas de uma Universidade Aberta da Terceira Idade em Manaus, Amazonas
Ano de defesa: | 2023 |
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Autor(a) principal: | |
Outros Autores: | , |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Amazonas
Faculdade de Psicologia Brasil UFAM Programa de Pós-graduação em Psicologia |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/9512 |
Resumo: | A violência contra as mulheres é um fenômeno de existência milenar, que se dá com grande influência das construções de gênero incrustadas no seio da sociedade, fundadas no pensamento patriarcal. As mulheres são entrelaçadas por camadas de opressão ao longo da história, que as alcançam em proporções e intensidades diferentes de acordo com questões de gênero, geração, raça e classe social. Esses fatores influenciam para que mulheres idosas sejam grandes vítimas de violência familiar, e que essa violência seja legitimada pelas famílias. Quando idosas, as mulheres com frequência sofrem discriminações no mercado de trabalho, discriminações de classe, pois perdem o dinheiro de suas aposentadorias para filhos, netos e outros adultos da família, assim como também sofrem com os preconceitos de gênero, tendo em vista que as violências ocorrem com menor frequência com homens idosos, que continuam ocupando o papel de chefes dos lares. Partindo desse pressuposto, a Interseccionalidade é um conceito que fará parte das análises dos dados desta pesquisa, visto que tal teoria, fundada no feminismo negro, permite que os preconceitos e as iniquidades sejam estudados de acordo com os atravessamentos de cada mulher. As violências, embora atinjam praticamente a totalidade das mulheres, não as atingem de forma igual, isto porque cada uma é atravessada por uma realidade subjetiva que é definida a partir de sua faixa etária, sua raça, classe social, contexto socioeconômico, dentre outros. E todas essas características estão interligadas, formando um entrelaçamento de opressões. Está pesquisa pode servir de aporte para auxiliar na formulação de novas leis e mecanismos que possam agir de modo mais célere e proficiente nesse novo contexto pandêmico que modificou as relações e o cotidiano, e nas consequências que aparecerão no futuro, trazer informações e dados confiáveis à sociedade como um todo, que pode fazer parte da rede de apoio, auxiliando membros da vizinhança, círculos de amizade e familiares no enfrentamento dessa situação. Dito isso, a pesquisa teve como objetivo geral compreender os discursos de mulheres idosas que sofreram violência familiar e são alunas de uma Universidade Aberta da Terceira Idade em Manaus, Amazonas à luz da Teoria dos Dispositivos de Zanello (2018) e da Interseccionalidade, a partir de Nogueira (2017) e Akotirene (2020), além de repercussões vividas no contexto da pandemia, enfatizando o cenário político regional e os apagamentos territoriais. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, de caráter descritivo-exploratório. As colaboradoras são mulheres idosas que já vivenciaram ou vivenciam situações de violência familiar e que são alunas da Fundação Universidade Aberta da Terceira Idade (FUNATI) de Manaus. Os instrumentos utilizados foram um questionário sociodemográfico e uma entrevista semiestruturada. Ao final do estudo, vimos que os discursos das colaboradoras, em torno da violência, são diversos, e elas atribuem diferentes sentidos para o fenômeno. Embora haja um fator em comum entre elas: a violência sempre foi uma constante em suas vidas, e por isso, a entendem como algo inevitável. A partir disso, encontram estratégias para conviver com essas violências, ao invés de se afastar das relações abusivas e cortar o vínculo com seus agressores. Assim como a busca por conforto e respostas através da espiritualidade, ainda que a religião, por outro lado, seja reconhecida por elas como fortalecedora de violências. Concluímos também que a forma com que enxergam as violências quando vindas dos filhos é diferente de quando o autor é o companheiro. Como principal limitação deste estudo ressaltamos as dificuldades em recrutar colaboradoras dentro da FUNATI, tendo em vista que se trata de um tema delicado. Conseguimos contornar tal limitação a partir de conversas com professores/as e outros/as profissionais que tem um olhar atento e cuidadoso, e estes sugeriram nomes que pudéssemos conversar e apresentar a pesquisa. É necessário trabalhar para minimizar o descaso das instituições que trabalham com o enfrentamento direto das violências, em especial as delegacias, já que estas são o primeiro contato dessas mulheres após tomarem a decisão de realizar a denúncia. São necessários estudos futuros que considerem a Interseccionalidade entre gênero e geração e tenham como plano de fundo o contexto do norte do país. Além de estudos que explorem com profundidade o papel socioemocional que instituições como a FUNATI possuem em seus alunos/as. |