A trajetória de escolarização de indígenas na UFAM e as vivências do racismo anti-indígena
Ano de defesa: | 2023 |
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Autor(a) principal: | |
Outros Autores: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Amazonas
Faculdade de Psicologia Brasil UFAM Programa de Pós-graduação em Psicologia |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/9735 |
Resumo: | Compreende-se que ao longo do processo histórico de colonização do território brasileiro as populações originárias passaram por um forte projeto de civilização, que consistia em catequizar os nativos de forma a fazê-los adotar os valores europeus. Isso resultou numa mudança forçada de padrões culturais que modificou hábitos, crenças religiosas, comportamentos e deixou sequelas profundas nas populações indígenas. E se manifesta atualmente como estereótipos negativos, preconceito e discriminação, que fazem parte da construção sistêmica do racismo que limita e exclui pessoas e grupos de acordo com seu pertencimento étnico-racial, causando danos emocionais nas pessoas atingidas. O objetivo desse trabalho é analisar os efeitos psicossociais do racismo anti-indígena na trajetória acadêmica dos estudantes indígenas matriculados em cursos de graduação da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Realizou-se uma pesquisa qualitativa, descritiva e de campo. Participaram quatro estudantes indígenas (mulheres) matriculadas em cursos de graduação da UFAM que, por entrevista narrativa aberta, relataram sua trajetória escolar, os desafios e percalços encontrados na universidade e os episódios de racismo anti-indígena que vivenciaram dentro do ambiente acadêmico. Com base teórica da Psicologia Social Crítica e a partir da análise de conteúdo, estabeleceu-se as seguintes categorias e unidades temáticas: 1) Percurso acadêmico (trajetória escolar; chegada na universidade; dificuldades de permanência, rede de apoio e conquistas); 2) Estereótipos, preconceito e episódios de racismo no ambiente escolar e acadêmico (choque cultural e episódios de discriminação); 3) Conflito de identidade (sentimento de não- pertencimento). Discutiu-se que os episódios de racismo têm forte influência na trajetória das estudantes, que destacam que as situações geraram sentimentos de não- pertencimento, desmotivação e desamparo, apontando também sentimentos de conflito de identidade que os levaram a questionar suas vivências e a necessidade da sua permanência na universidade. Portanto, conclui-se que a inserção de estudantes indígenas no ensino superior é permeada por percalços e complexidades que envolvem desde fatores socioeconômicos e dificuldades de aprendizado até episódios de discriminação e racismo. E que essas dificuldades de permanência afetam tanto a experiência dos estudantes na universidade quanto seu aspecto emocional. |