A produção dos lugares discursivos e ideológicos em uma ocupação urbana: contribuições da psicanálise clínico-política
Ano de defesa: | 2019 |
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Autor(a) principal: | |
Outros Autores: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Amazonas
Faculdade de Psicologia Brasil UFAM Programa de Pós-graduação em Psicologia |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/7332 |
Resumo: | Historicamente as Ocupações tem sido uma das formas de solucionar os impasses referentes ao direito à moradia em termos de demandas da população e às insuficientes respostas ou soluções apresentadas pelo Estado. O Amazonas ocupa o terceiro lugar dentre os estados brasileiros com maior déficit habitacional, sendo uma localidade onde o problema habitacional exige aprofundar estudos em diversas áreas do conhecimento. Na capital do estado, em 2015, moradores da comunidade Cidade das Luzes, definida como ocupação irregular, sofreram remoção violenta involuntária. Dentre os desdobramentos posteriores, um grupo de famílias que sofreram esta remoção, desassistidos pelo Estado, ocupou em 2016, liderados por um movimento social, um prédio ocioso pertencente à União no centro da cidade. Neste trabalho chamamos a condição em que se encontram os moradores da ocupação Alcir Matos, ainda desassistidos pelas autoridades, de desamparo sociopolítico e discursivo. Consideramos a dimensão do sofrimento vivenciada por estes moradores ao longo da luta pelo direito à moradia, tendo como problema gerador como os mesmos se inscrevem na cena social e política e em que lugares discursivos e ideológicos de reprodução ou produção dos lugares na relação do sujeito no laço social tem sido possível construir. Por meio da psicanálise implicada, ou psicanálise clínico-política, intentamos conhecer os lugares discursivos ideológicos em contexto de uma Ocupação Urbana, visando compreender como a incidência do discurso mobiliza, afeta e compõe o cotidiano da vida de seus moradores. O material de análise consistiu nas notas de um diário de experiência produzido a partir das diversas modalidades de participação do pesquisador no contato cotidiano com os moradores e de dados resultantes de uma pesquisa documental sobre a produção midiática em torno das Ocupações no Amazonas. Como resultados, apontamos um campo de tensões, impasses e conflitos que fazem parte do cotidiano da Ocupação, mas que também indicam relações entre trauma, experiência e a condição desejante e errante do sujeito que se constitui e se destitui no laço social contemporâneo. A resistência é percebida, de modo distinto ao sentido de evitação, enquanto recurso de luta e demarcador de existência no plano discursivo. Conclui-se que há ausência de dispositivos que permitam a escuta desses sujeitos, com vistas a possibilitar a transformação do acontecimento traumático em experiência compartilhada e que também fortaleçam as formas de vida comunitárias. Para isso, podem ser eficazes a criação de estratégias de intervenção junto a comunidades que vivem em ocupações urbanas ou em outras condições de exclusão ou marginalização, que visem à produção e a prática destas condições. Apostamos nessa via como possibilidade de resistir aos discursos hegemônicos que se mostram totalizantes, naturalizando a opressão e criminalizando a pobreza, transformando em ilusão o direito à moradia digna. |