Como nasce um santo de cemitério? A devoção a Edmundo Pé de Ferro em Benjamin Constant - AM

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Vieira, Pietà Graça Castro Pinto Trajano
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/8036720580900965
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Amazonas
Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Sociais
Brasil
UFAM
Programa de Pós-graduação em Antropologia Social
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/7298
Resumo: Esta dissertação apresenta questões alusivas ao processo de santificação não oficial de Edmundo “Pé de Ferro”, alvo de devoção de caráter popular no município de Benjamin Constant - AM. O objetivo principal deste trabalho é o de analisar como se constrói esta devoção no contexto Amazônico, descrevendo de que forma este processo se manifesta e quais são os elementos constitutivos de uma devoção denominada pela literatura antropológica como “marginal”. O foco do presente estudo é o imaginário social e religioso vivenciado pelos sujeitos da pesquisa que rendem reverências a Edmundo, não obstante a indiferença da Igreja Católica, de onde provem a grande maioria dos seus devotos, os quais serviram de interlocutores no trabalho etnográfico em torno do personagem em foco. Por meio da narrativa de moradores locais, reconstruo parte da história de Edmundo Pé de Ferro em Benjamim Constant, sua breve vida nessa cidade e a trama que o envolveu numa morte trágica, fato que aos olhos de seus devotos lhe confere uma suposta santidade. O Cemitério São Francisco (também conhecido como “cemitério velho”), localizado no Bairro Colônia, foi o lócus central para a realização desta pesquisa. É nele que está o túmulo de Edmundo, local de culto para muitos devotos que elegeram este personagem como seu protetor. Os dados coletados nesse cemitério me permitiram pressupor que o elemento central que daria suporte ao imaginário religioso que se construiu em torno da memória e da imagem de Edmundo, ou seja, o seu processo de “santificação”, seria o tipo de morte pela qual passou, ou seja, uma morte precedida de muito sofrimento. A idéia de uma morte marcada pelo martírio/sacrifício estaria sedimentando as bases para o reconhecimento de Edmundo como um Santo popular, ou “Santo de Cemitério”. Entre outros elementos que dão suporte a este tipo de devoção, destacamos a prática de ascender velas na segunda-feira e a visitação ao túmulo de Edmundo, no dia de Finados. Na mentalidade dos devotos, o sofrimento de Edmundo é o que o leva ao ápice no plano espiritual e ao processo de sua santidade, a tortura no seu corpo, a morte lenta e gradual, faz gerar no imaginário religioso dos devotos a idéia de que ele é santo e faz milagres. Contudo, um santo fora dos patamares da Igreja oficial, isto é “marginal”. Para seus devotos Edmundo é santo e milagreiro, e isso é o que importa.