Alimentação de estudantes universitários no período pós pandemia: relação com a vulnerabilidade social e o ambiente alimentar universitário

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: José, Maria Eduarda Ribeiro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Nutrição
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Alimentação, Nutrição e Saúde
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/23193
Resumo: O ingresso na universidade é geralmente marcado por uma série de mudanças na vida do adolescente que se torna adulto jovem. Essas mudanças podem resultar em alterações na alimentação, aumento nas atividades sedentárias, piora na qualidade do sono, uso de drogas lícitas e ilícitas, na vivência de uma situação de insegurança alimentar e no ganho de peso excessivo. Os universitários passam ao menos quatro anos de suas vidas expostos aos campi de sua universidade, e nesse período podem adquirir hábitos alimentares que se manterão na vida adulta, logo a promoção da alimentação saudável neste espaço é fundamental. No entanto, a literatura mostra que o ambiente alimentar universitário tende a ter uma alta oferta de alimentos ultraprocessados. Assim, os objetivos do estudo são: descrever a alimentação de estudantes ingressantes na universidade segundo situação de vulnerabilidade social (Eixo 1 – transversal); avaliar a evolução da alimentação de estudantes após um ano de ingresso na universidade (Eixo 2 - Coorte); analisar a relação entre mudanças na alimentação de acordo com o uso do restaurante universitário e de estabelecimentos comerciais presentes no ambiente alimentar universitário (Eixo 2 - Coorte). Trata-se de um estudo de coorte, quantitativo, com amostra de conveniência, que foi realizado com estudantes ingressantes nos cursos de graduação de uma universidade do Rio de Janeiro. Todos os indivíduos maiores de 18 anos de idade que tenham ingressado em qualquer curso de graduação na universidade em 2022 foram elegíveis para o estudo. Os participantes foram recrutados via e-mail, no qual foi enviado o formulário eletrônico autoaplicável. Os questionários abordaram os seguintes temas: dados pessoais e características sociodemográficas, estado nutricional e saúde, alimentação no dia anterior, práticas alimentares, segurança alimentar e nutricional, comportamentos, doenças crônicas não transmissíveis, sono, depressão, ansiedade e estresse, bens no domicílio, e ambiente alimentar universitário. Eixo 1: Análises transversais foram realizadas com os estudantes do baseline, que aconteceu no primeiro semestre letivo de 2022 da UERJ, de junho a outubro de 2022, e, como alguns cursos têm entrada de estudantes duas vezes ao ano, aconteceu uma nova coleta com ingressantes do segundo semestre de 2022, de outubro de 2022 a fevereiro de 2023. A partir de dados do baseline, com 924 estudantes, foi observado que a vulnerabilidade social, avaliada por meio da forma de ingresso na universidade, pelo escore socioeconômico e pela situação de segurança alimentar, influenciou significativamente o consumo alimentar desses estudantes. Alimentos in natura ou minimamente processados foram mais consumidos por estudantes de maior nível socioeconômico, não cotistas e aqueles em situação de segurança alimentar. Em contraste, o consumo de alimentos ultraprocessados mostrou-se menos influenciado por estas variáveis. Eixo 2: Estudo de coorte foi realizado com estudantes que também participaram da segunda coleta, realizada de abril a dezembro de 2023. Analisando os dados de 527 estudantes, identificou-se que o perfil de consumo alimentar, no geral, se manteve estável. Estudantes não cotistas frequentaram mais o restaurante universitário, o que foi relacionado ao maior consumo de hortaliças e alimentos in natura. Por outro lado, o consumo de alimentos ultraprocessados não diferiu significativamente entre frequentadores e não frequentadores do restaurante universitário. A utilização de estabelecimentos comerciais nos campi foi maior no lanche, sem diferença entre os estudantes, e foi verificado um maior consumo de ultraprocessados entre quem fez 3 ou mais refeições nestes estabelecimentos ao longo da semana. Os dados mostram que estudantes mais vulneráveis socialmente tiveram menor consumo de alimentos saudáveis e a influência positiva do restaurante universitário na qualidade da alimentação, reforçando a importância de políticas de permanência estudantil para apoiar os estudantes, além de intervenções no ambiente alimentar direcionadas à promoção de hábitos alimentares saudáveis.