Dieta e táticas de forrageamento de Formicivora littoralis (Aves: Thamnophilidae) na Restinga da Massambaba, Araruama, Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Chaves, Flávia Guimarães
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/5796
Resumo: A dieta de uma dada espécie é determinada em parte por suas táticas de forrageamento, assim como pela distribuição das presas. A partir da análise conjunta dos dados de dieta, comportamento alimentar, disponibilidade de recursos alimentares e morfometria é possível identificar diferenças entre os sexos na exploração dos recursos e relacioná-las a fatores ecológicos. O presente estudo aborda os aspectos mencionados para Formicivora littoralis em área de restinga na Região dos Lagos, no Estado do Rio de Janeiro. Restingas são ecossistemas recentes associados à Mata Atlântica, pobres em número de espécies e endemismos. Este é o hábitat de F. littoralis, considerada a única espécie de ave endêmica de restinga e Criticamente Ameaçada de extinção de acordo com lista vermelha da IUCN. O objetivo do presente estudo foi determinar a dieta, as táticas de forrageamento utilizadas para capturar os itens alimentares, a disponibilidade desses itens no microhábitat e comparar machos e fêmeas dessa ave quanto a medidas morfométricas e possíveis diferenças na sua dieta e no comportamento de forrageamento. Para a captura da espécie foram utilizadas redes de neblina e um sistema de reprodução de vocalização (playback) que atua atraindo os indivíduos até as redes. Ao serem capturados, os indivíduos foram anilhados com anilhas metálicas e coloridas, tiveram suas medidas tomadas e as eventuais amostras de fezes coletadas para análise em laboratório. Para a determinação das táticas de forrageamento foram realizados percursos mensais por toda a grade de estudo. A disponibilidade de recursos alimentares foi avaliada por meio da metodologia de armadilhas de queda (pitfalls) para captura de artrópodes. Os resultados indicam que a espécie é estritamente insetívora, com dieta constituída principalmente das categorias alimentares Coleoptera e Formicidae. Foi registrada uma categoria alimentar exclusiva para machos, Orthoptera, e duas para fêmeas, Hemiptera e Hymenoptera. Em relação ao índice de eletividade, não houve preferência por nenhuma categoria alimentar específica, com a espécie se alimentando, portanto, do que estava mais disponível no ambiente. A tática de forrageio mais freqüentemente realizada por ambos os sexos foi parar e bicar (75% e 50% para machos e fêmeas, respectivamente n = 218) a qual se enquadra na categoria de coleta de poleiro. Machos e fêmeas forragearam a alturas diferentes ao longo de todo o ano, com os machos capturando presas a alturas significativamente mais elevadas que as fêmeas. Ambos utilizaram principalmente os substratos espécies arbustivas e arbóreas, para a captura de presas. Machos apresentaram todas as medidas morfométricas maiores do que as fêmeas, sendo seis destas significativas. São discutidos como a competição, o papel funcional de cada sexo, as características físicas do hábitat, o tamanho e a palatabilidade de presas, a abundância e a estratificação vertical dos itens alimentares e os métodos utilizados poderiam estar influenciando de maneira a explicar as diferenças encontradas entre os sexos.