O capital humano: considerações sobre o trabalho clínico em serviços de saúde suplementar à luz da psicanálise

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Corcos, Juliana
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Psicologia
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/20262
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo discutir, problematizar e verificar quais são os impasses e as dificuldades para a prática clínica de orientação psicanalítica em uma operadora de plano de saúde privada que se orienta pelo lucro e pela produtividade. Como objetivos específicos, destacamos a discussão dos modelos político-econômicos, as políticas de saúde pública e privada; a transformação da saúde em objeto de consumo e sua consolidação enquanto mercadoria; os efeitos observados na assistência psicológica em serviços de saúde suplementar, assim como as implicações do laço social contemporâneo. Investigamos o que uma empresa comercializa quando o objeto é saúde, isto é, um direito de todos os cidadãos instituído na legislação brasileira, bem como a apropriação das diretrizes do Sistema Único de com vistas ao lucro. A metodologia utilizada é o levantamento e a revisão crítica bibliográfica da legislação pertinente ao sistema de saúde brasileiro público e privado, as produções textuais de autores e/ou trabalhadores que problematizam a teoria e prática na área da saúde e psicanalistas e filósofos que têm como objeto de estudo o capitalismo e o neoliberalismo. Como referencial teórico utilizamos a psicanálise (Sigmund Freud, Jacques Lacan e outros autores/comentadores), para refletirmos sobre a clínica. Reconhecemos uma acentuada relação entre os sistemas político-econômicos e a construção da promoção à saúde.A partir das contribuições da psicanálise sustentamos a hipótese de que a saúde, atualmente, também é agenciada como uma mercadoria e os planos de saúde se oferecem enquanto os supostos meios necessários e exclusivos para obtê-la. No âmbito da saúde suplementar, onde o imperativo é o lucro e a produtividade, porém com um slogan de "cuidado integral" apropriado do SUS, constatamos que o tratamento psicológico longitudinal é impossibilitado pelas condições de trabalho proporcionadas aos seus trabalhadores, uma vez que devido às novas formas de contratação, estes também passam a ser descartáveis, sendo constantemente repostos. A imposição do capital é evidente, porém a psicanálise é um recurso para sustentar, refletir e aprofundar o trabalho clínico, pois opera em outra lógica, a do sujeito do inconsciente. Apostamos na promoção de mudanças no cotidiano do serviço a partir de questionamentos diante das imposições e reproduções da rotina, assim como, na vida dos sujeitos que buscam amenizar suas angústias, garantindo a singularidade e a especificidade de cada caso.