Panorama sobre a pesquisa e conservação de tartarugas marinhas no Brasil: contribuições do monitoramento de encalhes e de análises genéticas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Reis, Estéfane Cardinot
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/4958
Resumo: A genética é uma das ferramentas recentemente utilizadas para a compreensão de vários aspectos do ciclo de vida das tartarugas marinhas. O monitoramento de encalhes, por sua vez, tem uma grande relevância conservacionista. Nesse sentido, o presente estudo teve como objetivos: (1) registrar a diversidade, distribuição e sazonalidade de tartarugas marinhas no litoral centro-norte do Estado do Rio de Janeiro e investigar as principais ameaças a esses organismos na região; (2) caracterizar geneticamente as tartarugas-verdes capturadas incidentalmente pela pesca de arrasto de praia em Itaipu, Niterói e as encalhadas entre os municípios de Saquarema e Quissamã, avaliando suas diferenças genéticas (inclusive inter-anuais), além de origens natais e conectividade; e (3) caracterizar geneticamente as tartarugas-cabeçudas capturadas incidentalmente pela pesca de espinhel pelágico e as encalhadas no litoral Sudeste-Sul do Brasil, avaliando suas diferenças genéticas (inter-anuais e por estágio de vida), além de origens natais e conectividade. Foram registrados 3.050 casos de encalhe de tartarugas marinhas entre 2008 e 2010 no litoral centro-norte fluminense, sendo: 2.728 C. mydas (89,44%), 112 C. caretta (3,67%), 89 L. olivacea (2,92%), 28 E. imbricata (0,92%), 26 D. coriacea (0,85%) e 67 não identificadas (2,2%). O predomínio de encalhes no inverno, período seco e com ressurgência fraca está relacionado não somente à ocorrência das espécies na região, mas também e fundamentalmente às condições de vento. Entre os animais com algum indício de interação antrópica, 88,59% (N=730) foram representativos de pesca, 6,92% (N=57) de colisão, 2,31% (N=19) de lixo e 2,18% (N=18) de dragagem. A partir da análise de fragmentos mais longos do DNA mitocondrial, foram identificados 16 haplótipos entre as amostras de C. mydas (N=261) e 13 entre as de C. caretta (N=265). A Análise de Estoque Misto revelou que, para o agregado de alimentação de C. mydas do Rio de Janeiro, as maiores contribuições foram provenientes da Ilha de Ascensão, Suriname, Ilha de Aves e Guiné Bissau. As contribuições por parte da Ilha de Trindade foram possivelmente subestimadas. Para os agregados de alimentação de C. caretta do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Elevação do Rio Grande, os diferentes métodos de MSA indicaram contribuições predominantes das colônias de desova brasileiras, e bem menos expressivas por parte do Pacífico (principalmente da Austrália), Atlântico Norte e Mediterrâneo. As diferenças observadas entre as duas espécies podem ser diretamente atribuídas a aspectos comportamentais: enquanto as tartarugas-verdes juvenis e adultas empreendem longas migrações entre áreas de reprodução e alimentação, as tartarugas-cabeçudas tendem a se alimentar nas proximidades de sua praia natal, com exceção dos juvenis na fase oceânica. Para ambas as espécies, não foram evidenciadas diferenças genéticas significativas entre amostras de encalhe e de captura incidental, inter-anuais e entre juvenis-subadultos e adultos. Tendo em vista a conectividade entre as populações brasileiras de C. mydas e C. caretta e diversas outras populações do mundo, a conservação dessas espécies requer esforços coletivos em escala global