A glosa poética dos salmos na lírica camoniana

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Costa, Nayara Santos de Gouvêa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Letras
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/21737
Resumo: Luís de Camões é, para a Literatura Portuguesa, um poeta canônico, e a sua fortuna crítica é imensa. O épico "Os Lusíadas", por ter encarnado ao longo de séculos o papel de símbolo da nacionalidade portuguesa, tem sido até hoje uma das obras mais estudadas do poeta, sobrepondo-se à poesia lírica, que é vasta e variada. O presente trabalho visa abordar uma questão pouco estudada da lírica camoniana. Dentre os múltiplos temas e motivos empregados pelo poeta português, o que interessa aqui é a presença de elementos religiosos e de uma visão salvífica, que confunde Portugal com Jerusalém celeste. Pretendemos estudar os poemas líricos camonianos que diretamente glosam o salmo 136 ou que a ele fazem referência. O salmo 136 (137) é a mais notória apropriação poética nesse sentido salvífico e foi largamente utilizado nas artes durante o século XVI. Contudo, o salmo encontra em Camões um novo significado, configurando poeticamente Portugal como uma nova Jerusalém. Nesse contexto, encontra-se não apenas a muito conhecida redondilha "Sôbolos rios que vão", mas um expressivo conjunto de sonetos também relacionados ao salmo 136 (137), "Super Flumina Babylonis". Durante o Renascimento, não apenas em Portugal, mas também em outros reinos, era prática constante entre os poetas a glosa de peças do Saltério e mesmo traduções poéticas. No caso camoniano, as glosas poéticas não realizam apenas uma leitura religiosa, mas subvertem e adaptam os temas originais, criando novas leituras e significados que envolvem desde a filosofia à política, e mesmo a questão da identidade nacional portuguesa. Desta forma, estudar a apropriação que a lírica camoniana faz do salmo 136 em outras obras pode apontar para novas interpretações dos poemas e iluminar os interessantes processos poéticos então vigentes, como a glosa