O roman à clef amazônico Chibé, de Raimundo Holanda Guimarães: anacronismo, poética da emulação e suas circunstâncias
Ano de defesa: | 2020 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Letras |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/16649 |
Resumo: | O presente trabalho visa, primeiramente, compreender os processos de elaboração do roman à clef Chibé, do jornalista e magistrado brasileiro Raimundo Holanda Guimarães, à luz dos estudos sobre o anacronismo e a poética da emulação; e, em caráter secundário, analisar as aproximações e distanciamentos entre este romance e o romance Les bohémiens (1790), do libelista francês Marquês de Pelleport, destacando-se os aspectos intratextuais que os aproximam, assim como os fatores contextuais em que se inseria cada autor, os quais os motivaram, segundo acreditamos, à escolha do gênero roman à clef para a produção de seus respectivos romances. O roman à clef é um gênero romanesco em que pessoas reais são retratadas através de nomes fictícios para ocultar suas identidades. Ambientado na Vila do Apeú, Castanhal-PA, na década de 1930, Chibé retrata a conduta reprovável de pessoas bastante influentes no contexto local. Estas, mesmo ocultas por nomes fictícios, tiveram suas identidades facilmente reconhecidas pelo público leitor, o que gerou uma grande polêmica e sérios reveses ao autor, como ameaças de morte e a destruição da obra. A apropriação desse gênero romanesco por Holanda Guimarães se deu, conforme defendemos, a partir da emulação do também roman à clef Gabriela, cravo e canela, de Jorge Amado. Já Pelleport escreveu Les bohémiens enquanto esteve preso na Bastilha, acusado de ter publicado libelos infamantes contra a nobreza. Nele, Pelleport expôs ao ridículo todos os que colaboraram para sua prisão, utilizando-se para isso de nomes fictícios. Acerca do roman à clef Chibé, pretendemos refletir sobre os processos de apropriação desse gênero romanesco por Holanda Guimarães, contribuindo assim para o aprofundamento dos estudos em torno da “poética da emulação”. Buscaremos compreender seu processo de elaboração do romance Chibé a partir da ideia de “contexto de emulação”, que consiste em um conjunto de fatores, tais como os aspectos biográficos e da personalidade do autor, assim como de fatores da conjuntura social em que ele estava inserido, os quais, combinados, funcionariam como motores para o desencadeamento do processo de emulação literária. Durante nosso percurso comparativo, daremos destaque à escolha do gênero roman à clef pelos dois autores para a escritura de suas obras, assim como à motivação vingativa que os impeliu a essa empreitada. Pretendemos compreender a relação entre as circunstâncias biográficas e contextuais em que estavam inseridos os dois autores e as motivações que os levaram à escolha do gênero roman à clef para a escritura de suas respectivas obras. Pretendemos, com a pesquisa ora realizada, contribuir para os atualmente escassos estudos sobre roman à clef, de modo a propiciar mais um contributo ao profícuo campo de pesquisas em torno das relações literárias entre Brasil e França |