Hipóxia-isquemia transitória pré-natal e desenvolvimento da retina de ratos: alterações morfológicas e funcionais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Taveira, Gustavo Diniz de Mesquita
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Biociências
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/19988
Resumo: A hipóxia-isquemia (HI) pré-natal é uma das principais causas de comprometimento do desenvolvimento neurológico no recém-nascido e está associada à paralisia cerebral, problemas de atenção, hiperatividade, epilepsia e alterações sensoriais, incluindo problemas no processamento visual. Assim, a investigação dos efeitos da HI pré-natal no desenvolvimento da retina oferece um grande potencial para elucidar mecanismos relacionados aos efeitos da HI durante a gravidez. O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos da HI sistêmica pré-natal nas células ganglionares da retina (CGRs) e na função visual de ratos Wistar durante o desenvolvimento pós-natal. Especificamente, avaliamos o impacto da HI pré-natal no número de CGRs e nas propriedades funcionais das vias formadoras e não-formadoras de imagem. Ao décimo oitavo dia de gestação (E18), ratas grávidas tiveram seus cornos uterinos expostos e durante 45 minutos o fluxo sanguíneo uterino e ovariano obstruídos pelo clampeamento das artérias (grupo HI). Os animais do grupo controle foram obtidos a partir de fêmeas grávidas submetidas ao mesmo procedimento cirúrgico, exceto o clampeamento das artérias (grupo SH). O processamento histológico (hematoxilina e eosina, HE) e imunohistoquímico (Brn3a) das retinas dos animais HI e SH foi feito no segundo, nono, vigésimo terceiro e trigésimo dias pós-natais. Já a avaliação das propriedades funcionais da visão foi feita apenas no trigésimo dia pós-natal através da análise do reflexo pupilar (via não-formadora de imagem) e do teste de aversão ao precipício (via formadora de imagem). Por fim, foi feita uma comparação qualitativa das projeções das CGRs entre animais HI e SH através de marcação axonal anterógrada com fluorescência. Os animais do grupo HI apresentaram uma menor evolução no ganho de massa corporal comparados aos animais do grupo SH e, curiosamente, a abertura dos olhos da maioria dos animais HI foi precoce em relação aos SH. Com relação à avaliação do número de CGRs, embora não tenha sido observada diferença no número de células na camada ganglionar entre os grupos HI e SH para retinas coradas com HE, a quantificação do número de CGRs marcadas por Brn3a evidenciou uma redução significativa no número de CGRs dos animais HI na maioria das idades analisadas. Esse último resultado pode explicar a redução da espessura do nervo óptico e a menor densidade do número de projeções retinianas no núcleo geniculado dorsal do animal HI em relação ao animal SH observada no trigésimo dia pós-natal. A avaliação do reflexo pupilar revelou que os animais HI não conseguiram sustentar a constrição pupilar sob iluminação contínua. Ademais, não foram observadas diferenças entre os grupos experimentais com relação à constrição do músculo ciliar induzida farmacologicamente. No teste de aversão ao precipício os ratos HI demonstraram preferência para o lado fundo (déficit de percepção de profundidade), contrário ao SH, que desceu, em sua maioria, para o lado raso (percepção de profundidade normal). Em conjunto, os nossos resultados demonstram que a HI transitória pré-natal provoca perda no número de CGRs e sugerem que tal perda pode estar relacionada a alterações na função visual dos animais.