Múltiplas conexões: a presença intermidiática do cordel no Romance de Dom Pantero, de Ariano Suassuna

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Malafaia, Rosana da Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Letras
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/18297
Resumo: A Literatura de Cordel carece de estudos sistemáticos à altura de seu teor artístico e literário. Para modificar essa situação e conceder maior visibilidade a esta poética, optou-se por estudar um autor e defensor da cultura nordestina que elaborou diversas produções artísticas a partir de uma literatura estigmatizada nos compêndios literários e na historiografia literária: Ariano Suassuna. O autor arquitetou a sua obra a partir da cultura popular nordestina, mas foi no hibridismo composicional da Literatura de Cordel, com suas múltiplas referências e combinações, que encontrou temas, histórias, personagens que lhe deram a base para elaborar um projeto artístico-literário singular. Em sua última produção literária, O Romance de Dom Pantero no Palco dos Pecadores, pôde-se comprovar a intimidade do autor com o cordel. Nesse romance, o autor criou uma narrativa cordelística, deixando rastros que permitem ao leitor visualizar a materialidade oral, escrita e visual que se enredam nesta tessitura. Por estes vieses, estudou-se a construção intermidiática do romance a partir das mídias que o compõem: as iluminuras, gravuras, a sonoridade rítmica e musical, toda uma composição heteróclita que demanda leituras palimpsésticas. Para percorrer esse caminho complexo e por vezes enigmático, foram consultados alguns teóricos como Câmara Cascudo (2006, 2005) com suas abordagens sobre folclore e poesia popular, assim como de produções artísticas realizadas pelos indígenas e africanos antes mesmo da colonização; Isaura Rodrigues-Pinto (2015, 2013, 2001) para a compreensão das memórias e interações culturais registradas no cordel brasileiro; Walter Benjamin (1985, 2015) destacando o valor do narrador de tradição oral e também a atualização das artes quando estas passam a ser reproduzidas; Paul Zumthor (1983, 2014, 2005), com teorias relacionadas à voz e aos aspectos da performance de um texto vocalizado e/ou escrito; Müller (2012), comprovando o viés midiático da Literatura de Cordel e do romance em análise; Clüver (2007), ressignificando as artes como mídias e analisando as inter-relações causadas entre essas mídias na tessitura do texto; Rajewsky (2012), apresentando as subcategorizações das mídias e permitindo visualizar o cordel no romance; Ribas (2017, 2018) abordando os estudos intermidiáticos como uma metodologia de análise para o romance; Martoni (2018, 2020) e Gumbrecht (2010) colaborando na observação dos efeitos de presença causada pela inserção de determinadas mídias na narrativa e, por fim, alguns pesquisadores que ajudaram a compreender a poética armorial e o multiverso suassuniano como Vassalo (1993), Simões (2016), Santos (2009) e Rodrigues (2015). Concluiu-se que a materialidade do cordel e sua reverberação no romance suassuniano, agregam sentidos múltiplos, além de interferir na sua configuração material, conteudística e no modo de lê-la. O Romance de Dom Pantero é, pois, uma obra que estimula a visibilidade da Literatura de Cordel e demanda abordagens intermidiáticas.