Família em transição: a inclusão da família na compreensão da transição de gênero

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Roma, Renata Gonçalves
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Psicologia
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/19942
Resumo: A expressão “família em transição” vem sendo utilizada por distintos campos teóricos para abordar as mudanças em curso na família nuclear contemporânea. Trata-se de um termo recorrente na abordagem de temas concernentes aos novos arranjos familiares, que questionam a família nuclear tradicional, e as novas possibilidades de organização em família. O presente estudo propõe a ressignificação do termo supracitado para abordar a inclusão da família na compreensão do processo de transição de gênero, evidenciando, neste fenômeno, uma perspectiva mais complexa e mais inclusiva do grupo familiar. Abordamos, portanto, os “trânsitos”, ou os movimentos desencadeados a partir da transição de gênero na família, considerando os rearranjos e os manejos que um evento desta natureza pressupõe. Partindo da abordagem integrativa das psicoterapias de família, utilizamos os conceitos de luto e de readoção psíquica, oriundos dos enfoques psicanalíticos, para compreender e instrumentalizar a dinâmica sistêmica deste processo. A importância de compreender o luto justifica-se pelo movimento intrínseco à transição, marcado profundamente pela morte simbólica de alguém que, conjuntamente ou não de seus familiares, deverá renascer a partir de uma nova identidade. Já o conceito de readoção psíquica abarca a inclusão da identidade emergente, ao longo da transição, como parte do clã familiar. Tais processos ocorrem concomitantemente em suas dimensões interacionais e psicodinâmicas, caracterizando o movimento de trânsito familiar. Com o objetivo de incluir a família na compreensão do processo de transição de gênero, propondo uma abordagem complexa, dinâmica e que reconhece o grupo familiar neste fenômeno, realizamos um estudo qualitativo por meio da elaboração de quatro entrevistas semiestruturadas realizadas com todo o grupo familiar, reunindo os diferentes componentes da trama transgênera. Tais entrevistas foram gravadas mediante autorização prévia de cada participante, e o material coletado foi transcrito e interpretado utilizando o método de análise de conteúdo. Como resultado, evidenciamos que a transição de gênero, protagonizada pela pessoa trans, instaura na família uma transição de natureza psicossocial, afetando-a individual e coletivamente em múltiplos níveis. A família em transição apresentou-se como um grupo emocionalmente complexo, potencialmente enlutado, eventualmente alheio à própria condição, às voltas com uma adolescência tardia e em vias de readotar, neste processo, a transidentidade emergente.