O abuso sexual no campo da fala e da linguagem: entre sujeito e objeto
Ano de defesa: | 2013 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Psicologia Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Psicanálise |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/21620 |
Resumo: | Este trabalho debate o tema do abuso sexual à luz da teoria psicanalítica – no campo da fala e da linguagem – fundamentalmente centrada nos desenvolvimentos de Sigmund Freud e de Jacques Lacan. Tema secular e não por isso ultrapassado nos dias atuais, o abuso sexual apresenta-se, na contemporaneidade, como um fenômeno que transborda o campo clínico, tornando-se objeto de sucessivas denúncias e processos judiciais, ocupando, ainda, lugar de destaque nos meios de comunicação. Na contramão de uma lógica maniqueísta que atualmente faz do tema do abuso sexual mais um instrumento da foraclusão do sujeito no discurso, propomos, nesta tese, uma reflexão sobre as especificidades que se colocam em jogo quando se trata de pensar o abuso sexual a partir de uma perspectiva que coloca no centro da questão o sujeito do inconsciente, dividido por seu desejo. É verdade que abusos há na infância e adolescência, que se praticam atos de pura violência contra crianças e adolescente, nos quais estes são transformados em puro objeto de gozo. Entretanto, é verdade, também – e o sabemos a partir de Freud, assim como a partir da clínica –, que há experiências sexuais, envolvendo crianças ou adolescentes, que não são de pura violência, mas experiências nas quais a criança ou o adolescente, para além de estarem situados no lugar de objeto sexual, estão, ainda assim, situados como sujeito do inconsciente, posto que são sexuados. A partir de vinte casos/exemplos clínicos, a presente pesquisa se dedica a refletir sobre as situações em que há uma implicação subjetiva da criança ou do adolescente em experiências sexuais, interrogando o trauma a priori daquilo que vem sendo identificado pelo discurso vigente na contemporaneidade como abuso sexual – discurso endossado pelos saberes médico e psicológico. Partindo dos princípios freudianos de que a sexualidade é, por estrutura, infantil e perversa e de que é ela que constitui o trauma – que, ao mesmo tempo em que devasta o sujeito, permite que ele se constitua como tal, dividido pelo desejo –, este trabalho reflete sobre as determinações inconscientes implicadas na participação da criança e do adolescente como sujeitos do desejo e da fantasia em cenas sexuais. Para tanto, enfocamos a posição originária do sujeito em sua relação com o Outro – posição de objeto –, razão pela qual tornou-se fundamental o estudo do masoquismo, aquele que, segundo Freud, é universal, em função da “aspiração masoquista na vida pulsional dos seres humanos” (Freud, 1924, p. 165), derivada do fato de que “todo sujeito é assujeitado ao Outro, é assujeito” (Lacan, 1957-58, p. 195). |