Diário do Hospício: onde o testemunho é mediado pela literatura

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: César, Thais da Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Letras
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/21030
Resumo: Seja quando advém dos relatos dos sobreviventes da Shoah, seja quando advém das convulsões políticas ou dos excluídos de espaços produtores de conhecimento da América Latina, a “literatura de testemunho” sempre guarda uma relação com a violência. Muito antes do surgimento do termo “literatura de testemunho”, na Belle Époque carioca do início do sé-culo XX, a violência já relegava pobres, negros, imigrantes, alcoólatras, ou qualquer outro que perturbasse a ordem social ao hospício. No Hospital Nacional de Alienados, com o respaldo da polícia e da ciência, como fez a tantos outros, a violência do progresso internou Lima Barreto (1881-1922) por delírios alcoólicos de 25 de dezembro de 1919 a 02 de fevereiro de 1920, período em que o autor escreveu as tiras que deram origem postumamente a Diário do Hospício. Como representante da estratégia do Estado de excluir amparando-se no racismo e na pobreza, o hospício tornava o tempo e os corpos dóceis. Em Diário do Hospício, porém, o testemunho passa pelo tempo do diário, e o tempo do diário passa pelo tempo da memória, sendo esse testemunho também perpassado pela linguagem da crônica, do romance e do conto, sem esgotar outras possibilidades. De dentro dos muros do hospício, pela voz de autor, o interno-narrador-escritor descortina a criação do doente pela ciência e questiona a própria fronteira entre os gêneros literários, respondendo à ciência da época e à violência do aprisio-namento com um testemunho mediado pela liberdade da literatura