Fábulas da ciência: discurso científico e fabulação especulativa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Preger, Guilherme de Figueiredo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Letras
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/16608
Resumo: Este estudo apresenta uma nova abordagem para o problema das “Duas Culturas”, conforme proposto originalmente por C.P. Snow, em 1959. É um retorno à versão inicial, quando o físico apontava o hiato crescente entre os discursos das ciências exatas (ou duras) e o da literatura. A partir do conceito de narrativa, ou de narratividade, procura-se entender esse hiato como uma zona de ambivalência entre o discurso científico “analítico-referencial” e o discurso literário entendido como fabulação especulativa. O primeiro é um discurso que resguarda sua objetividade pelo apagamento dos traços do observador e da temporalidade. Este discurso também rejeita a presença da heterodiscursividade (ou heteroglossia), isto é, dos discursos provenientes de outros paradigmas. A fabulação especulativa é um discurso ficcional que privilegia a questão do conhecimento (ou da cognição) e enfrenta o problema cognitivo de outros mundos possíveis, incluindo mundos não antropológicos, bem como os devires do avanço técnico-científico. Como discurso literário, recupera a presença do observador através da figura do narrador, da temporalidade através do cronotopo e os heterodiscursos através dos múltiplos níveis diegéticos. Baseado no experimento da “dupla fenda”, a tese será dividida em quatro partes. Na primeira parte, com as fendas fechadas, há um capítulo teórico no qual se apresentam conceitos literários e científicos em busca de relações de proximidade, dentro de uma abordagem heurística. Na segunda parte, com uma fenda simples aberta, realiza-se uma análise do discurso científico analítico-referencial tal como proposto por Galileu em seu Diálogo sobre os sistemas do mundo ptolomaico e copernicano. Também é realizada uma análise estilística dos artigos científicos e da literatura de divulgação científica, em especial na obra Criação Imperfeita, de Marcelo Gleiser. Na terceira parte, com a outra fenda simples aberta, são realizadas leituras de duas obras ficcionais de fabulação especulativa: Solaris, de Stanislaw Lem, e Frankenstein, o Moderno Prometeu, de Mary Shelley. Na última parte, com as duas fendas abertas, analisam-se as interferências mútuas entre os dois discursos nos experimentos mentais e na obra As Cosmicômicas, de Italo Calvino. A tese conclui com a ideia de que essas interferências são inevitáveis quando se trata de abordar o caráter comunicativo e social da ciência; o estudo permite então uma melhor compreensão de anomalias na epistemologia contemporânea da ciência, tais como os critérios de inserção do observador no discurso (observador-participante), a natureza histórica da ciência e seu enfrentamento com discursos sem os critérios científicos de validação