Avaliação do consumo de alimentos e ingestão de ferro em adultos com anemia falciforme
Ano de defesa: | 2020 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Nutrição Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Alimentação, Nutrição e Saúde |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/17463 |
Resumo: | Introdução: A Anemia Falciforme (AF) é uma doença causada por herança homozigota de hemoglobina S (HbSS). É caracterizada por anemia hemolítica crônica e oclusão vascular, resultando em um quadro inflamatório crônico. No intuito de minimizar e prevenir os agravos desta doença é comumente necessário o tratamento com terapia transfusional. Quando a transfusão é feita de forma contínua pode causar sobrecarga de ferro (SF). Ainda neste cenário, com o objetivo de reduzir os possíveis danos do ferro em excesso, é comum que profissionais de saúde recomendem a restrição de alimentos fonte de ferro, assim como a diminuição do consumo de alimentos fonte de vitamina C. Estas condutas podem resultar na piora da qualidade global da dieta e configuram um risco de menor consumo e absorção de ferro. Por outro lado, o consumo de ferro acima das recomendações pode representar risco de agravamento ou desenvolvimento de SF em pessoas com AF. Até o presente momento, não se conhece o consumo alimentar de uma amostra representativa de adultos com AF, além disso, não há na literatura trabalhos que avaliem o consumo de ferro destes indivíduos. Portanto, o objetivo deste estudo foi avaliar o consumo de alimentos, bem como a ingestão de ferro em adultos com AF na cidade do Rio de Janeiro. Métodos: Estudo transversal, realizado entre janeiro e dezembro de 2019 com adultos com anemia falciforme residentes no município do Rio de Janeiro. As informações sobre o consumo alimentar foram coletadas através de um recordatório de 24 horas por participante. Os dados socioeconômicos e clínicos foram obtidos por meio de um questionário. As quantidades de alimentos consumidos foram convertidas em energia e em miligrama de ferro e vitamina C por meio da tabela de composição nutricional dos alimentos consumidos no Brasil. Além disso, os alimentos consumidos foram agrupados de acordo com a classificação NOVA. A prevalência de inadequação do consumo de ferro foi calculada pelo método da EAR como ponto de corte, segundo o sexo e a faixa etária dos participantes. Resultados: Foram avaliados 215 indivíduos, sendo 58,6% do sexo feminino com idade média de 36,6±11,5 anos e 41,4% do sexo masculino com idade média 33±10,6 anos. A prevalência de inadequação da ingestão de ferro foi estimada em 40% entre as mulheres em idade reprodutiva, 8% nas mulheres com mais de 50 anos e 2,8% entre os homens. O consumo de ferro acima do limite tolerável foi de 0,8% entre as mulheres e 3,4% entre os homens. A ingestão de vitamina C abaixo da EAR foi observada em 61,4% dos indivíduos. A maior parcela do ferro consumido foi proveniente de alimentos in natura ou minimamente processados (72,7%), especialmente as carnes (31%) e o feijão (23,5%), enquanto a ingestão oriunda do consumo de alimentos ultraprocessados representou 23,5% da ingestão total de ferro. Os alimentos à base de farinhas de milho e trigo contribuíram com 17,5% do total de ferro da dieta. A avaliação da ingestão de ferro nas diferentes classes socioeconômicas mostrou que as classes A+B1+B2 e C1 apresentaram as maiores medianas de ingestão de ferro, ao passo que a classe C2 e a classe D-E apresentaram os menores valores de ingestão. Conclusão: O risco de consumo excessivo de ferro parece não ser um grave problema na população estudada. Assim, as condutas de restrição do consumo de ferro e de vitamina C devem ser reavaliadas. É importante ressaltar que para a melhor compreensão dos riscos que a ingestão de ferro oferece à população com anemia falciforme, é preciso que também se conheça a capacidade absortiva destas pessoas. Estes achados apontam para a necessidade de um melhor acompanhamento clínico, alimentar e nutricional de pacientes com anemia falciforme, pois talvez estejam mais vulneráveis à deficiência de ferro, especialmente as mulheres em idade reprodutiva e pessoas pertencentes às classes socioeconômicas mais baixas. |