Avaliação da capacidade de absorção de ferro em crianças com anemia falciforme
Ano de defesa: | 2021 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Nutrição Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Alimentação, Nutrição e Saúde |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/17314 |
Resumo: | A anemia falciforme (AF) é uma hemoglobinopatia caracterizada por inflamação, fenômenos de vaso-oclusão e hemólises crônicas. Fatores intrínsecos à doença podem influenciar de forma positiva ou negativa na síntese da hepcidina, hormônio responsável pela homeostase de ferro. A eritropoiese intensa e a anemia hemolítica podem ocasionar a redução deste hormônio, acarretando aumento da absorção intestinal deste micronutriente. No entanto, a sobrecarga de ferro transfusional observada em alguns pacientes, assim como o quadro inflamatório, poderiam levar ao aumento da produção de hepcidina e, consequentemente, reduzir a absorção intestinal de ferro. Estudos clínicos realizados em adultos, observaram que as concentrações séricas deste hormônio diferiram em função da carga de ferro, tendo os participantes com sobrecarga deste mineral e AF apresentado maiores concentrações de hepcidina se comparados aos participantes com AF sem sobrecarga e aos controles sem a doença. Estes dados sugerem que os indivíduos expostos à carga excessiva de ferro não precisariam reduzir a ingestão de alimentos ricos neste micronutriente, orientação comumente prescrita por profissionais de saúde. Contudo, estes resultados ainda não são suficientes para estabelecer uma abordagem nutricional segura para estes indivíduos, visto que a estimativa da capacidade de absorção de ferro precisa ser melhor compreendida. Estas informações são importantes especialmente para as crianças, porque a redução do consumo de determinadas fontes alimentares como carnes e feijões, pode levar à deficiência de micronutrientes fundamentais para o seu crescimento e desenvolvimento. Assim, o objetivo deste estudo é avaliar a capacidade de absorção de ferro em crianças com anemia falciforme. Este é um estudo experimental, realizado com 14 crianças (idade mediana: 8,0 anos; intervalo interquartil: 7 – 9 anos) divididas nos seguintes grupos e pareadas por sexo, cor/raça e idade: controle, composto por indivíduos sem a doença (n=2); AF sem sobrecarga de ferro (n=8); e AF com sobrecarga de ferro (n=4). A avaliação da capacidade de absorção de ferro foi realizada por meio da marcação de um alimento padronizado (100 mL de suco de laranja) com o isótopo estável 57Fe (5 mg). Amostras de sangue foram obtidas no tempo basal e 14 dias após a ingestão do isótopo, sendo a relação isotópica entre 56Fe/57Fe determinada por espectrometria de massa com plasma indutivamente acoplado (ICP-MS). O percentual de absorção de 57Fe foi estatisticamente diferente entre os três grupos estudados (3,9%, crianças com AF e sobrecarga de ferro; 18,2%, crianças com AF e sem sobrecarga de ferro; e 12,7%, crianças sem a respectiva doença). No grupo de crianças com AF sem sobrecarga de ferro foi encontrada correlação positiva de grau moderado entre ferritina e hepcidina (r = 0,762; p < 0,05) e correlação negativa de grau forte entre ferritina e percentual de absorção de 57Fe (r = -0,962; p < 0,05). No mesmo grupo, o percentual de HbS foi fortemente correlacionado com o percentual de absorção de ferro (r = 0,976; p < 0,05). O percentual de absorção de 57Fe não se correlacionou com a hepcidina e com a concentração hepática de ferro em nenhum dos grupos. Possivelmente, devido ao pequeno número amostral do grupo com sobrecarga, não foi encontrada correlação entre absorção de ferro e ferritina. O percentual de absorção de ferro intestinal encontrado nas crianças com AF e sobrecarga de ferro sugere que talvez não sejam necessárias as recomendações de restrição de alimentos fontes de ferro às quais estes indivíduos são frequentemente submetidos. |