Na trama das determinações discursivas: o surdo e o cidadão nacional no Compendio para o ensino dos surdos-mudos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Barbosa, Priscila Costa Lemos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Letras
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/6932
Resumo: O presente trabalho, por meio de uma pesquisa de cunho teórico, foi norteado pela seguinte pergunta de pesquisa: Qual o surdo que se quer identificável no Compendio para o Ensino dos Surdos-Mudos, a partir da trama das determinações discursivas depreendidas de seu capítulo II, observando-se esse compêndio como um meio eleito para instrução dos sujeitos surdos? Para tentar responder a essa pergunta, a discussão toma como referencial teórico a Análise do Discurso de linha francesa (Pêcheux 1990, 1995, 1997, 2006); (Foucault 1975, 2008, 2010); (Orlandi 1990, 1994, 2002, 2011, 2015); (Haroche 1992); (Courtine 1981), em confluência com a História das Ideias Linguísticas (Guimarães 1994, 1996, 1997); (Auroux 1992); (Zoppi-Fontana 2009), para investigar o deslocamento da imagem do sujeito surdo no processo educacional do Brasil do século XIX, tomando como corpus principal de análise o capítulo II do Compendio para o Ensino dos Surdos-Mudos, doravante CPESM. Sob a concepção de sujeito como aquele que é atravessado pela linguagem e pela história, portanto sendo identificado a partir dessa relação, parte-se da ideia de que a identidade do surdo se desloca, a partir do imbricamento das determinações discursivas, desconstruindo um tipo de sujeito o surdo, para criar um novo sujeito o cidadão. Para as considerações sobre silenciamento, constitutivo no processo de educação de surdos no Brasil, as concepções teóricas advindas de Orlandi (2007) trouxeram importante contribuição para o presente trabalho. De igual maneira, verificou-se nas observações teóricas de Caldas (2009) e Bassnett (1998) sobre os movimentos da tradução do objeto de análise em questão. Na construção das análises, a noção de formações imaginárias desenvolvido por Pêcheux (1975) foi de fundamental importância para compreender como as posições discursivas nas quais os sujeitos se posicionam interfere na imagem do surdo e na imagem de língua. Para os conceitos teóricos sobre língua, utilizou-se de Milner (1987), Nunes (2013); Pagotto (1998); para falar sobre o surdo, referiu-se a Rocha (1997); Silva (2012). A partir das análises das sequências discursivas, depreenderam-se as determinações discursivas que operam sobre o sujeito surdo, quando relacionadas a instâncias sociais, bem como as formações discursivas a que se filia cada determinação. Para a noção de determinação discursiva, utilizou-se de Haroche (1992), e de Pêcheux (1975) para a noção de formação discursiva. Tais análises focalizam a distinção entre duas categorias: surdo-mudo instruido e surdo-mudo sem instrucção , em uma relação com os meios de compreensão destinados a cada uma dessas categorias. Portanto, essa dissertação apresenta o CPESM como um discurso fundador (Orlandi, 2003), estabelecendo, assim, um deslocamento (Pêcheux, 1990) de sentido. Por isso, o surdo silenciado, apagado, tem sua imagem instituída no CPESM como um sujeito de direitos e deveres, falante da língua portuguesa